Providência cautelar contra ajuda à TAP "não foi a melhor" forma de mostrar descontentamento
Covid-19
25 de jun. de 2020, 07:27
— Lusa/AO Online
“A
região Norte e a região Centro dão um contributo determinante para o
desenvolvimento económico nacional e, por isso, seria impensável que
qualquer plano de regresso da TAP não incluísse a região Norte.
Compreendo a insatisfação e a inquietação do Norte, das pessoas do
Norte, dos empresários do Norte”, disse Pedro Nuno Santos, em
entrevista ao ‘podcast’ “Política com Palavra”, do Partido Socialista.Contudo,
o governante considerou que, no que diz respeito à providência cautelar
interposta pela Associação Comercial do Porto (ACP), “a forma de
manifestar esse descontentamento no caso não foi a melhor”.O
ministro das Infraestruturas e da Habitação acrescentou que, “em
princípio”, a providência cautelar interposta não impedirá o auxílio à
TAP.“De outra forma, seria uma coisa
absolutamente desproporcional. Estão em causa centenas de fornecedores e
milhares de trabalhadores. Julgo que há forma de auxiliarmos a TAP na
mesma”, sublinhou Pedro Nuno Santos.A ACP
interpôs, na última sexta-feira, uma providência cautelar junto do
Supremo Tribunal Administrativo (STA), que foi admitida, para impedir a
injeção de 1,2 mil milhões de euros do Estado na TAP.Os
fundamentos jurídicos da providência cautelar “assentam em três
argumentos essenciais”, entre os quais o “desrespeito pelo princípio do
equilíbrio territorial”, uma vez que o plano de voos da TAP “concentra
96 por cento dos voos internacionais no aeroporto” Humberto Delgado, em
Lisboa, “marginalizando o aeroporto do Porto [Francisco Sá Carneiro] e
ignorando os demais”.A “defesa do
princípio da transparência, uma vez que, se a TAP é uma empresa privada,
deve viver dos seus próprios recursos”, e a “promoção do princípio da
racionalidade” são os outros dois argumentos.
A ACP também garantiu que apresentaria “no prazo de uma semana e meia”
um “plano B” para assegurar a viabilidade da TAP, mesmo que centrada
apenas em Lisboa, e simultaneamente dar “apoio expresso” aos restantes
aeroportos.Na
terça-feira, fonte oficial da ACP disse à Lusa que o STA iria pedir ao
Governo documentos, “até agora não públicos”, depois de admitir a
providência cautelar.No dia seguinte, o
presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, disse
que ficou “muito surpreendido” com a providência cautelar da ACP para
travar auxílio estatal à companhia aérea.O
responsável falava perante os deputados da comissão parlamentar de
Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da
República, em Lisboa, quando admitiu ter ficado “muito surpreendido” com
a decisão da Associação Comercial do Porto, depois de terem tido
reuniões que considerou “produtivas” e “construtivas” com associações do
norte do país.O Estado (através da
Parpública) já detém 50% da TAP, resultado das negociações do Governo de
António Costa com o consórcio Gateway (de Humberto Pedrosa e David
Neeleman), que ficou com 45% do capital da transportadora, e os
restantes 5% da empresa estão nas mãos dos trabalhadores.