Proposta preservação do património da antiga açucareira SINAGA
3 de jan. de 2022, 15:23
— Lusa/AO Online
“Nesse caso
da SINAGA, parece-me muito claro que aquilo que poderá tornar viável
esta opção de preservação é preservá-la ‘in situ’ [no local].
Nomeadamente, não só o edifício em si, como parte daquilo que podemos
chamar o património integrado, que são os grandes equipamentos que não
faz sentido retirar daquele local”, afirmou.O
diretor do museu de Ponta Delgada falava na comissão de Assuntos
Sociais da Assembleia Regional, a propósito da proposta da IL para a
criação de um Núcleo Museológico da Indústria Açoriana dos séculos XIX e
XX e da iniciativa do PAN que propõe a proteção e do património da
SINAGA.A 27 de outubro de 2021, o grupo
de cidadãos “Santa Clara - Vida Nova” anunciou que entregou uma
providência cautelar para travar “todas as ações de desmantelamento” da
fábrica da SINAGA, em Ponta Delgada, que foi extinta pelo Governo dos
Açores.A 11 de novembro, o Governo
Regional disse desconhecer “eventuais solicitações” do Tribunal de Ponta
Delgada relativamente à providência cautelar de um grupo de cidadãos
para “impugnar a legitimidade do desmantelamento” da extinta fábrica de
açúcar.Esta segunda-feira, o diretor do Museu Carlos
Machado defendeu que as “atuais instituições não têm capacidades
financeiras nem de recursos para poderem salvaguardar, estudar e
inventariar” o património daquela fábrica.“A
solução passaria por se conseguir encontrar uma forma de financiar um
projeto que passaria pela preservação do edifício e do património móvel,
eventualmente integrando numa solução mais abrangente, mas que passasse
por um centro de interpretação das agroindustriais e de toda essa
memória”, acrescentou.João Paulo
Constância assegurou que o património móvel da açucareira “está à guarda
do Museu” Carlos Machado e que, “à conta disso”, a instituição já “não
tem espaço disponível rigorosamente nenhum”.“Nós
todos reconhecemos o valor e conseguimos elencar um conjunto de
argumentos, mas depois, realmente, para ser consequentes, precisamos de
afetar recursos, afetar verbas, afetar recursos humanos”, assinalou.As
declarações do diretor do Museu surgiram após o deputado da IL, Nuno
Barata, ter sugerido que o edifício da SINAGA, em Ponta Delgada, poderia
ser o local “ideal” para reunir um “conjunto de acervos” que estão
“dispersos” sobre a indústria micaelense do início do século XX.“Não
vejo na nossa ilha outro espaço com tão boas condições para realmente
albergar um projeto de caráter museológico e cultural”, reforçou
Constância sobre as instalações da SINAGA.Ouvido
sobre as mesmas iniciativas, o presidente da Junta de Freguesia de
Santa Clara, António Cabal, enalteceu o “património único” da açucareira
e alertou para a importância de se “salvaguardar o espaço da fábrica”.“Sempre
demonstrámos interesse sobre a Fábrica do Açúcar. Sempre questionámos o
governo anterior e o atual sobre a Fábrica do Açúcar. Nunca nos foi
dito o que pretendiam fazer”, afirmou o autarca.A
Fábrica do Açúcar foi instalada na freguesia de Santa Clara em 1906,
tendo sido comprada pela SINAGA em 1969. Desde 2010, tinha uma
participação de 51% do Governo Regional.