Proposta do Chega para creches nos Açores não tem força de lei
1 de ago. de 2024, 17:22
— Lusa/AO Online
Segundo a mesma
fonte, o projeto de resolução aprovado por maioria no passado dia 12 de
julho, na Assembleia Legislativa dos Açores, reunida na Horta, “apenas
recomenda” ao Governo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM) que altere as
regras no acesso às creches, no sentido de dar “prioridade às crianças
com pais trabalhadores”.“Só quando o
Governo Regional apresentar uma proposta concreta de alteração às
prioridades no acesso às creches é que o gabinete do senhor
representante da República para os Açores [Pedro Catarino] irá apreciar o
diploma e confirmar se cumpre ou não a Constituição”, adiantou a mesma
fonte.Em causa estão as dúvidas,
levantadas por alguns partidos políticos e até por alguma opinião
pública, sobre a eventual inconstitucionalidade da proposta do Chega,
que é vista como uma “discriminação negativa”, imposta às crianças de
pais desempregados ou com menos posses financeiras.O
presidente do Governo Regional, o social-democrata José Manuel
Bolieiro, já esclareceu que o critério aprovado no parlamento açoriano,
por proposta do Chega, é apenas um entre vários outros que, quando
conjugados, é que determinarão quem serão os primeiros a aceder às
creches.“Há uma lista de prioridades, no
caso de haver empates e mais procura do que oferta. Não é uma
prioridade! Faz parte de uma lista de prioridades!”, explicou o chefe do
executivo, em declarações aos jornalistas, a propósito da polémica que a
iniciativa do Chega criou na região e no país, sobre quem deve ter ou
não prioridade no acesso à creche.José
Manuel Bolieiro entende que “é preciso desdramatizar o que não tem
drama”, garantindo que “nenhuma medida será assumida pelo Governo”,
nesta ou em outras matérias, “que não tenha a cautela da sua legalidade e
constitucionalidade”.“O objetivo do
Governo é garantir gratuitidade no acesso às creches, em todos os
escalões do IRS, bem como dar satisfação, numa rede pública ou
convencionada, de forma progressiva, satisfação em vagas, à procura que
temos” justificou o presidente do Governo.O
chefe do executivo adiantou que o alargamento das creches gratuitas
para todas as crianças dos Açores pretende, não apenas “desonerar custos
das famílias”, mas também “potenciar um elemento decisivo para a
demografia, que é um incentivo à natalidade”.De
acordo com dados do Governo Regional, atualmente, existem cerca de
3.500 crianças em toda a região a beneficiar da medida das creches
gratuitas, num investimento superior a quatro milhões de euros.O
aumento da procura por creches gratuitas no arquipélago tem gerado, no
entanto, mais procura do que oferta nos estabelecimentos de ensino, de
tal forma que alguns pais têm optado por ficar em casa, a tomar conta
dos filhos, por não terem onde os deixar durante o horário de trabalho,
situação que suscitou a proposta apresentada pelo Chega.