Proposta de redução fiscal não passa no parlamento dos Açores
Covid-19
20 de mai. de 2020, 18:05
— Lusa/AO Online
O Projeto de Resolução,
da autoria da deputada independente Graça Silveira, visava aumentar em
cinco pontos percentuais o diferencial fiscal do 2º ao 5º escalão de IRS
em vigor nos Açores, passando as famílias do 1º ao 3º escalão a
beneficiar duma redução de 30% no IRS, o máximo legalmente previsto para
a região.As famílias do 4º e 5º escalões passavam a beneficiar dum diferencial de 25% nas taxas de IRS. A
parlamentar, que falava na sessão plenária da Assembleia Legislativa
Regional dos Açores, realizada em suporte ‘online’, considerou que a sua
proposta “é justa porque transaversal” a todos os escalões de IRS,
salvaguardando que uma baixa de impostos é a “única forma de ajudar” os
açorianos, tendo estimado o impacto da sua medida em 5,8 milhões de
euros.Para o vice-presidente do Governo
dos Açores, Sérgio Ávila, a medida da deputada independente, que estimou
custar oito milhões de euros, é “socialmente injusta e ineficaz”, uma
vez que os escalões mais baixos “não beneficiariam” com esta alteração,
tendo em conta o modelo de cálculo de apuramento de IRS, que disse ser
“progressivo e abrangente de todos os escalões”.Sérgio
Ávila declarou mesmo que a proposta “beneficia quem tem mais
rendimento” e “não é um contributo para fazer face" à fase em que a
região encontra-se de combate aos impactos da pandemia da Covid-19.O
social-democrata António Vasco Viveiros referiu que, com base nos dados
de 2017, últimos disponíveis no Portal das Finanças, "constata-se que,
nos Açores, apenas 1,65% dos titulares tem taxas de IRS superiores a
29,6%", os quais "teriam benefícios marginais e residuais com a medida
proposta de redução do IRS".Por outro
lado, com a mesma proposta, cerca de 32% de agregados teriam um
benefício integral da redução proposta", daí o apoio à iniciativa.Carlos
Silva, da bancada socialista, considerou que a deputada Graça Silveira
acabou por “admitir que a proposta estava mal formulada”, não sendo uma
medida “socialmente justa” porque não ajuda as famílias açorianas, tendo
acrescentado que é “irresponsável num momento” em que o Governo dos
Açores necessita de verbas para ajudar a fazer face à Covid-19. O
único deputado do PPM no parlamento regional, Paulo Estevão, considerou
que as declarações do vice-presidente do Governo dos Açores “foram
convincentes” e que a proposta “vai favorecer os que têm rendimentos
mais altos”, num momento de “fragilidade das famílias açorianas” devido à
covid-19.O parlamentar centrista Alonso
Miguel manifestou dúvidas sobre a proposta, que “não consegue alcançar
os objetivos a que se propunha”, daí que o CDS-PP “não a possa
acompanhar”.Paulo Mendes, do BE/Açores,
que votou a favor, considerou que “não se pode deixar passa a mensagem
de que reduzir a carga fiscal é beneficiar quem mais pode”, sustentada
pelo vice-presidente do executivo, num momento em que as famílias
açorianas necessitam de uma redução fiscal devido às dificuldades com
que estão a ser confrontadas.