Proposta da Comissão Europeia tem calendário “muito ambicioso e exigente"
Migrações
9 de out. de 2020, 11:05
— Lusa/AO Online
Eduardo Cabrita participou numa reunião, por videoconferência, dos
ministros dos Estados-membros da União Europeia responsáveis pelos
Assuntos Internos na qual foi discutido, pela primeira vez, o novo pacto
de asilo e migração apresentado pela Comissão Europeia em setembro. “Este
calendário da Comissão Europeia é muito ambicioso. Este é dos temas
mais difíceis da União Europeia. Desde 2015 que este foi dos assuntos
que mais dividiu a UE”, disse à agência Lusa o ministro português,
destacando o facto de a discussão da proposta ter o impacto de se cruzar
com a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, durante o
primeiro semestre de 2021.Eduardo Cabrita
sublinhou que a proposta tem um calendário “muito ambicioso e exigente e
recai muito” sobre as presidências da Alemanha e de Portugal, apesar de
ser uma responsabilidade de todos os Estados-membros. Segundo
o governante, a agenda da Comissão Europeia coloca o objetivo de se
chegar a um acordo político até dezembro, quando termina a presidência
alemã, e trabalhar nas várias peças legislativas e regulamentos do pacto
até ao final da presidência portuguesa.”Esta
é uma matéria muito complexa. Há posições muito diferentes. A posição
da Comissão Europeia é que estamos perante duas presidências que têm
condições políticas ideais para liderar um diálogo construtivo”, frisou.Sobre
a reunião de hoje, Eduardo Cabrita afirmou que existiu “um diálogo
muito construtivo e que ninguém se recusou a participar na busca de
soluções”, tendo ficado agendado um conselho extraordinário de ministros
de Assuntos Internos para 13 de novembro, em Bruxelas. O
ministro referiu que os países da linha de frente, designadamente a
Grécia, Itália, Chipre, Malta e Espanha, colocam “muito a tónica na
solidariedade, dizendo que a pressão migratória e a gestão de fluxos de
refugiados é uma questão comum europeia e não apenas destes cinco
países” e, por outro lado, a Hungria, Polónia, República Checa e
Eslováquia têm “uma posição mais restritiva”.No
entanto, sustentou que há “uma grande maioria de países que tem uma
posição de abertura para trabalhar sobre uma visão global”.O ministro avançou que Portugal assume que não se pode “olhar para as questões migratórias como uma ameaça”.“As
questões migratórias são naturais e, num continente envelhecido, têm de
ser geridas. A Europa vai precisar de migrantes nas próximas décadas e
tem de ter uma fórmula global de gerir estes fenómenos como um problema
comum, este é o ponto de partida da proposta da Comissão e Portugal
concorda com esta abordagem”, sustentou.A
proposta do executivo comunitário contempla três grandes pilares: além
da “repartição justa de responsabilidades”, assenta também em
procedimentos mais rápidos e eficazes, através de um procedimento
fronteiriço integrado, e numa “mudança de paradigma na cooperação com
países terceiros”.Para Eduardo Cabrita, em
matéria de migrações é importante a colaboração com os países vizinhos
do Norte de África e essencial uma política de cooperação para o
desenvolvimento desses países.