Promotor responsabiliza-se pela demolição de obra "ilegal" da Calheta
22 de dez. de 2020, 19:05
— Lusa/AO online
Numa
nota enviada hoje às redações, a autarquia da ilha de São Miguel
adianta que "a presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e a sua
equipa receberam ontem [segunda-feira], em audiência, a administração da
Asta Atlântida e desta reunião ficou o compromisso" de a empresa "se
responsabilizar pela demolição das obras ilegais das galerias da Calheta
Pêro de Teive". "Para o efeito, a Asta
Atlântida formalizará, até dia 28 de dezembro, os termos de execução
voluntária da ordem municipal de demolição e demais trabalhos de
reposição da legalidade urbanística", lê-se na nota enviada às redações
pelo município.A Câmara sublinha que
"manterá a ordem vigente de demolição" e "os prazos que foram
notificados no respetivo procedimento até à apreciação e aprovação, por
parte do plenário do órgão executivo municipal, da carta de compromisso
da Asta Atlântida".Na passada semana, a
autarquia ordenou que a demolição parcial das Galerias da Calheta Pêro
de Teive se iniciasse dentro de um mês e deu ao promotor dois dias úteis
para que deixe de utilizar o local.Este é
um processo que se arrasta desde 2008, altura em que foi anunciado um
novo espaço comercial na marginal de Ponta Delgada, a cargo da ASTA
Atlântida, agora detida pelo fundo Discovery, mas que nunca foi
terminado.Em 2016, o mesmo fundo
apresentou uma "mudança radical" para as inacabadas galerias comerciais
da Calheta Pêro de Teive, que passava por demolições e redução de
volumetrias, aproveitando o espaço para a criação de uma unidade
hoteleira e de um jardim público, mas que também ainda não arrancou.Esse processo de reformulação do projeto de arquitetura só foi iniciado em 2018.A
Câmara Municipal explicou que as demolições em causa dizem respeito
apenas a uma parte da obra, que "está ilegal", já que a licença caducou
em 2011. Trata-se da parte central, que tem maior volumetria. O resto do
edificado já construído integrará o novo projeto para o local.Antes
da decisão de avançar com a demolição, anunciada em novembro, a
presidente da Câmara, Maria José Lemos Duarte, tinha enviado, em 09 de
setembro, uma carta à empresa, "notificando-a, nos termos da lei, para,
no prazo de 10 dias úteis, informar o município sobre o início das obras
e respetivo cronograma", e a empresa informou que tencionava “dar
início à execução das obras dentro de alguns meses".A
Asta Atlântida adiantou, então, que apresentaria “um cronograma de
execução das obras que obedecerá ao prazo máximo de 16 meses" e que isso
"não prejudica o recurso aos mecanismos legais gerais de prorrogação
dos prazos".Face à "indefinição da
resposta à notificação”, a autarca referia ser evidente que aquela zona
nobre de Ponta Delgada continuaria, "por mais longos meses, com ruínas
que põem em causa a saúde, a segurança e a estética da cidade", e, por
isso, decidiu avançar com a demolição.Em
comunicado enviado em 16 de dezembro, o município adiantava que, após a
reunião de câmara, ficou deliberado, “por unanimidade, ordenar a
demolição da parte ilegal da obra inacabada das Galerias da Calheta Pêro
de Teive e notificar o promotor (Asta Atlântida – Sociedade de Turismo e
Animação, S.A.) a repor a legalidade urbanística do espaço”.Mas,
a empresa, segundo uma notícia divulgada na altura pela Antena 1
Açores, contestou o prazo imposto pelo município e disse que não
aceitava a intimação da autarquia, admitindo levar esta questão a
tribunal.