Promoção turística criticada pelo “timing” e “escassez” de fundos

14 de out. de 2024, 15:33 — Carolina Moreira

As três Câmaras de Comércio e Indústria dos Açores realçam a importância de haver “linhas orientadoras” para a promoção turística do arquipélago para este inverno, mas expressam algumas preocupações, nomeadamente com o “timing” e a “escassez” de fundos aplicados e ainda com o impacto das medidas em todas as ilhas.Recorde-se que a Visit Azores apresentou a Estratégia de Promoção Turística do Destino Açores para o Inverno 2024/2025, investindo 2,5 milhões de euros em medidas para “reduzir a sazonalidade” e “aumentar a procura”.Numa reação ao Açoriano Oriental, o representante dos empresários de São Miguel e Santa Maria diz que, apesar da estratégia e das medidas propostas serem “bem-vindas”, pecam por “tardias” e pela “escassez” de fundos.“Ficamos estupefactos com a escassez do orçamento. O orçamento é pouco e vem tardiamente. Escassez e timing. O turismo de época baixa precisava de um esforço maior e mais tempestivo e devíamos estar já a preparar a campanha de 2026, em vez de saber como vamos tratar do inverno  de 24/25”, considera Mário Fortuna.Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), “é bem-vinda a sistematização de uma campanha transversal para todos os Açores para debelar, nem que seja parcialmente, os programas da época baixa. Mas o problema é que o orçamento é insuficiente, é escasso e é tardio. Já estamos em outubro a planear o que é que se vai fazer em novembro. Não dá. Não é assim que se consegue eficácia nas campanhas que se possam implementar”, realça.Em declarações ao jornal, Mário Fortuna alerta, por isso, que “é bom é que se comece já a fazer alguma coisa e a planear o que vai ser a campanha para o inverno 2025/26 porque o inverno 2024/25 já está em cima de nós e não é assim que se consegue uma eficácia que contrarie a sazonalidade que é um problema que se agudiza entre nós”, aponta.Já a Câmara de Comércio e Indústria da Horta (CCI Horta), mostra-se preocupada com a possibilidade da campanha da Visit Azores não ter impacto em todas as ilhas, defendendo por isso que “o plano seja especificado”.“É preciso saber ao pormenor o que é que o plano vai fazer. Porque se for um plano que concentra o investimento na promoção só num ou dois espaços geográficos, sem ter atenção ao resto, será negativo”, salienta Francisco Rosa.O representante dos empresários das ilhas centrais destaca os “problemas logísticos complexos” que existem no arquipélago para “resolver a difusão de fluxos”, alertando que “não conseguimos, neste momento, pôr as pessoas em todas as ilhas na medida que nós precisávamos e que as pessoas necessitam”. “Portanto, se não tivermos essa logística a funcionar corretamente, qualquer promoção que for feita para os Açores é feita com um impacto muito direto em certas geografias e não na generalidade do arquipélago. E isso para nós é negativo”, afirma, considerando que “é preciso ir um pouco mais além”.Já a Câmara de Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo é da opinião de que “estão a ser dados os passos que são necessários para que consigamos quebrar a sazonalidade que afeta bastante as ilhas e estruturarmos o produto turístico de uma forma mais consistente”. Marcos Couto saúda a ligação aérea a Nova Iorque a partir da Terceira na época baixa, explicando que “foi por isso que já apresentámos um produto turístico inovador com a Câmara do Porto, exatamente para fazer uma oferta turística mais articulada”.Segundo o representante dos empresários da Terceira, a aposta recai sobre um produto turístico baseado nas “cidades património mundial atlânticas” e promove um “programa de ‘stopover’ na ilha Terceira, ligando Nova Iorque e Boston à Terceira e ao Porto”.De referir que a Estratégia de Promoção Turística do Destino Açores para o Inverno 2024/2025 pretende “potenciar o alargamento progressivo das operações aéreas” na Região, sendo que, das 13 companhias aéreas a operar para o arquipélago, com 32 rotas, seis já terão voos para a próxima época baixa, verificando-se um aumento de 7826 lugares.