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Prolacto nega ter tentado baixar preço do leite ao produtor

Empresa diz que a Unileite não tinha necessidade de denunciar o contrato, e que não esteve em cima da mesa baixar o preço do leite ao produtor, mas sim uma recolha “com custos mais realistas”


Autor: Paula Gouveia

A Prolacto considera que “a  Unileite não necessitava de denunciar o contrato”, uma vez que, nas negociações, nunca esteve em cima da mesa baixar o preço ao produtor, mas sim “ter uma recolha com custos mais realistas”, sendo que já tinha sido acordado não alterar os preços até o final deste ano.

Em comunicado, a Prolacto explica que, “quando a Unileite respondeu que não podia fazer o esforço de reduzir os custos, aceitámos, como bons parceiros de negócio, face à subida do custo dos fatores de produção; e acordámos não mexer nos preços até o final do ano 2021”.

Segundo a empresa, foi feita ainda “uma proposta para o ano 2022, no sentido de fazer um mix de origem (postos/explorações) mais apropriado, para favorecer os produtores de leite quente (leite de postos)”, tendo a Prolacto se disponibilizado “para estudar conjuntamente novas formas de trabalhar para reduzir os custos da Unileite na gestão”.

Deste modo, a Prolacto entende que “a Unileite poderia ter revisto o preço pago a esses produtores na sequência desta negociação, em vez disso, decidiu denunciar o contrato de abastecimento, decisão que nós, obviamente respeitamos”, afirma no mesmo comunicado.

A empresa afirma que a Unileite procurou “passar a ideia de que a responsável por todos os problemas da lavoura é a Prolacto”, falando de baixa de preços, e que isso é falso.
“A proposta da Prolacto, para melhorar o rendimento dos produtores que durante 40 anos trouxeram o seu leite à nossa fábrica, é de trabalhar conjuntamente com os seus parceiros, no sentido de chegar a um preço que seja, simultaneamente, justo para os produtores, e em linha com o preço médio da ilha, atendendo sempre à qualidade do seu produto”, afirma.

Como repara a empresa, “a Unileite, tem sido para a Prolacto um intermediário de compra e venda de leite, que no passado cumpriu, e bem, a sua função, sendo que nos dias de hoje, face à realidade atual, este modelo já não tem sentido, não é eficiente e perde-se valor que não vai para a lavoura”.

No entendimento da empresa, “alguns produtores estão em risco de ficar subjugados aos interesses de um intermediário, que apenas está focado em resolver os seus problemas, sem revelar qualquer solidariedade para os que atravessam momentos de maior fragilidade, e que na verdade são seus associados”. Acrescentando a Prolacto que “a Unileite, no passado, baixou o preço a todos os seus produtores, mais do que Prolacto baixou à Unileite nesses 22% do total [Prolacto  compra 22% do leite que os produtores fornecem à Unileite], ficando essa diferença nas contas da Unileite”. “A Prolacto não tem, nem responsabilidade sobre os lucros ou perdas da Unileite”, sublinha.

Como salienta a Prolacto no comunicado, “a Unileite não é uma cooperativa de produtores, é uma indústria processadora e comercializadora, propriedade das cooperativas, com uma direção com os seus próprios objetivos empresariais”.

E, sustenta ainda que “a verdade dos factos, fala por nós e mostra que os produtores e outras Cooperativas que têm vindo a trabalhar connosco, conseguiram melhores rendimentos”.

Assim, apesar da denúncia de contrato com a Unileite, a Prolacto garante que “não há riscos para os produtores que produzem, nomeadamente os 40 milhões de litros, que recebemos através da Unileite”.  “Com projetos em curso para aumentar a rentabilidade (o que impactará positivamente a lavoura) nós temos um plano de crescimento de 10% para o ano de 2022, e já lançámos, a semana passada, um pedido de propostas para abastecimento de leite, a todas as cooperativas, sendo esta uma oportunidade para avançar na procura de uma recolha mais eficiente”, afirma a Prolacto. Para além disso, “temos uma equipa dedicada a melhorar o tipo e mix de alimentação, que se constitui como o maior custo da lavoura”.

A indústria garante que, “dentro da nossa lógica de valorização dos rendimentos do produtor, seguimos o nosso processo de reduzir os custos de intermediação para beneficiar o produtor, deixando claro que estaremos, sempre disponíveis para novas formas de colaboração com as cooperativas, desde que sejam eficientes e operacionalmente viáveis”.