Projeto para prevenir riscos naturais vai ser alargado a zonas críticas dos Açores
28 de set. de 2017, 17:46
— Lusa/AO online
"Podemos extrapolar [os resultados deste projeto]
para alguns outros locais que tenham características similares. Por
outro lado, a iniciativa também funciona como projeto-piloto para que
depois possa ser replicada, de uma maneira mais abrangente, em vários
pontos do arquipélago que sejam considerados críticos", declarou à
agência Lusa Francisco Fernandes. O projeto-piloto, denominado
'Decsionlarm', que está a ser desenvolvido pelo LREC na freguesia do
Lajedo, nas Flores, tem a duração de dois anos e passa pela
implementação de uma rede de monitorização cinemática e hidrológica a um
deslizamento que coloca em causa a segurança de pessoas e bens. Francisco
Fernandes explicou que está a ser feita a monitorização da
instabilidade do talude do Lajedo, pretendendo-se "dar algum grau de
previsibilidade e de antecipação ao que possa vir a acontecer através de
toda a recolha de dados que é efetuada". O responsável adiantou
que este trabalho, hoje apresentado em Ponta Delgada, na ilha de São
Miguel, no âmbito de um seminário promovido pelo LREC, começou em 2016,
já contemplou vários trabalhos de campo e a instalação do sistema de
monitorização, decorrendo agora a fase de recolha de dados. O
diretor do LREC informou ainda que cada sistema de monitorização será
adaptado aos diferentes locais dos Açores, uma vez que "não se consegue
fazer uma cópia fiel", obrigando, por isso, a que haja ajustamentos
devido à diferença da natureza geotécnica de cada local. Francisco
Fernandes acrescentou que está a ser desenvolvido um outro projeto,
denominado 'Macastab', que vai servir de base para a elaboração de um
guia metodológico para a gestão dos riscos naturais gerados pela
instabilidade de taludes e encostas nas ilhas vulcânicas da Macaronésia. Esta
iniciativa, que envolve os arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e
Cabo Verde e é apoiada por fundos comunitários, vai estabelecer uma
harmonização das bases metodológicas e a classificação dos terrenos
geotécnicos, servindo de apoio ao planeamento em caso de catástrofes. Questionado
sobre os locais mais críticos do arquipélago em termos de
instabilidade, Francisco Fernandes referiu que estes ainda não estão
definidos, mas o objetivo é que as várias entidades envolvidas - LREC,
direções regionais do Ambiente e dos Assuntos do Mar, e Universidade dos
Açores - com as áreas que consideram críticas "cheguem a um consenso e a
uma priorização do nível de gravidade".