Projeto musical Bermim promete viagem interior para fazer ponte com os Açores
10 de mai. de 2025, 08:10
— Lusa/AO Online
“O
universo Bermim considero que é uma viagem interior. Uma viagem por
dentro. O meu intuito é que as pessoas oiçam e que seja um disco tipo a
conclusão do dia. Que seja o chegar, o respirar e que, como a planta,
traduza tranquilidade, segurança e paz”, explicou Filipe Fonseca à
agência Lusa.O projeto Bermim, que foi
buscar nome a uma planta existente nos Açores, conta com composições dos
açorianos Carlos Alberto Moniz, António Bulcão, Zeca Medeiros, Aníbal
Raposo, Luís Alberto Bettencourt, além de obras de Filipe Fonseca, que
também assina os arranjos musicais do disco de estreia com o nome do
grupo.“O Bermim é quase um escape a tudo
aquilo que andamos a viver neste momento, com estas potenciais guerras,
apagões e invejas”, reforçou.Filipe
Fonseca nasceu no Porto, mas é filho de pais naturais da ilha do Faial, e
juntamente com Duda (Maria Eduarda), natural de Vila de Conde, e o
galego Marcos Fernandez, criou um projeto que valoriza a música
açoriana.“Há uma coisa que sempre quis
fazer e continuo a fazer pelo legado familiar e por aquilo que gosto,
que é fazer uma ponte cada vez mais sólida entre o arquipélago dos
Açores e o continente. Grande parte do continente português tem muito
pouco conhecimento da beleza de compositores que existe no arquipélago
açoriano”, defendeu.Filipe Fonseca destaca
a presença da viola da terra (típica dos Açores) no disco, tocada por
Marcos Fernandez, um instrumento com uma “característica musical e
sonora tão bonita” e que continua desconhecido por muita gente.“Compus
uma música, ‘A viola que toca o chão’, em que é a própria viola da
terra a apresentar-se: a dizer quem é, qual o significado, que
importância tem na cultura dos Açores e o que é que a sua sonoridade
representa lá fora na diáspora”, desvendou.O
disco de estreia vai ser apresentado a 16 e 17 de maio em concerto no
Teatro Faialense, na Horta, com as participações especiais de Aníbal
Raposo, António Bulcão, Carlos Alberto Moniz, Luís Alberto Bettencourt e
Zeca Medeiros.“É a primeira vez que esses cinco estão no mesmo palco nos Açores. Quando dei por mim tinha a nata da música açoriana comigo”.O projeto vai, também, explorar a poesia dos autores açorianos Natália Correria, Victor Rui Dores e Gabriela Silva.Filipe
Fonseca faz questão de destacar a “imensa cultura” que existe nos
Açores em diferentes áreas e apela ao Governo Regional para “dar mais
atenção à cultura”.“Existe uma identidade
açoriana que está a ser perdida aos poucos. Os Açores estão a perder as
escolas que eram a base de todas as ilhas. Chamam-se filarmónicas. As
filarmónicas são escolas de música”, alertou.Além
de diretor de vários festivais, Filipe Fonseca foi autor do projeto
"Blue Sea" (que criou versões ‘pop’ de músicas do cancioneiro açoriano) e
do musical "Capelinhos" (sobre a erupção vulcânica que aconteceu no
Faial).