3 de mar. de 2019, 10:00
— Lusa/Nuno Martins Neves/AO Online
“A escola
surge para combater os episódios de violência no desporto que temos
vindo a assistir quase todos os fins de semana, não tanto a nível dos
próprios atletas, mas dos espetadores, muitas vezes os pais dos
atletas”, explicou à agência Lusa o florentino Rui Moura, coordenador do
Gabinete de Psicologia no Desporto do clube.Vítor Santos,
embaixador para o Plano Nacional para a Ética no Desporto, também
elogiou a iniciativa, em declarações à Lusa: “Existem em vários clubes
reuniões com pais no início e a meio da época para apresentar a
filosofia do clube e os comportamentos que os pais devem ter, mas este
projeto é inovador ao envolver todo o ano os pais na prática desportiva
dos filhos”.Em vez de os pais entrarem nas áreas diretivas do clube,
a Escola de Pais do clube de Torres Vedras dá-lhes formação para haver
um “acompanhamento parental mais adequado dos filhos”, sublinhou aquele
embaixador.O coordenador do projeto explicou que se trata de uma
“medida preventiva para não se chegar a situações de violência
propriamente ditas”, facultando aos pais “ferramentas e conhecimentos de
autorregulação das emoções”, através de workshops, ações de trabalho em
equipa ou simulações de casos reais.O projeto tem também como
missão transmitir princípios, como o respeito e a cooperação, por
oposição à competição. Outros pilares do projeto são a nutrição, o apoio
ao nível da educação e social e o fornecimento de princípios éticos.“Quando
as pessoas não têm consciência dos seus comportamentos, não os
conseguem alterar e neste projeto trata-se muito de fornecer consciência
e pô-los em situação de treino, para os sensibilizar que o impacto das
palavras ou dos gestos interfere na performance do atleta”, acrescentou
Rui Moura.Ana Patrícia Amaro, mãe de um atleta de nove anos,
frequenta a Escola para Pais. “Costumava dizer ao meu filho que no
próximo jogo ia fazer melhor e já aprendi que essa expressão é por si
uma forma de colocar pressão sobre ele”, exemplificou a progenitora.Para
esta mãe, a Escola para Pais “é um projeto muito positivo” que permite
aos pais “lidar com as problemáticas do desporto” e “aprender para
melhor desempenhar a função de pais”.“Já vi pais a ralhar com os
filhos quando perdem ou fazem uma jogada menos bem sucedida”,
exemplificou Ana Patrícia Amaro, apontando um caso daquilo que não deve
acontecer e que segundo os psicólogos influencia de forma negativa os
atletas.“É uma boa ideia dar formação aos pais do impacto que podem
ter nos seus filhos”, considerou Pedro Casaca, pai de dois atletas do
clube (de seis e nove anos), também a frequentar a escola: “É importante
termos conhecimentos para alterarmos os nossos comportamentos”, frisou.A
Escola para Pais do Torreense entrou em funcionamento há cerca de um
mês, abrangendo setecentos pais e mães dos 350 a 400 atletas das várias
modalidades do clube. O psicológo das Flores que foi à ilha Terceira nascerO
coordenador do gabinete de psicologia do desporto do Torreense é um dos
muitos florentinos que foi nascer à ilha Terceira, “numa altura em que
na minha ilha não haviam as condições ideais para partos”.Desde os
12 anos em Portugal Continental, para onde foi concluir o percurso
académico, Rui Moura licenciou-se em Psicologia do Desporto e Atividades
Curso, área em que fez a pós-graduação. “Após o estágio de dois
anos no Torreense, enveredei pela área do desporto e exercício físico,
mas mais na área comercial. Entretanto comecei na área da formação,
principalmente na área do desenvolvimento pessoal, trabalhando com
várias entidades nacionais. E foi nesse âmbito que tive o convite do
Torreense para abraçar o projeto nos escalões de formação, que temos
desenvolvido desde outubro do ano passado”, explica.