Progressos ainda insuficientes nos “últimos momentos” das negociações
Brexit
7 de dez. de 2020, 17:13
— Lusa/AO Online
Em
declarações à imprensa no final de uma reunião presencial dos chefes de
diplomacia da UE, Santos Silva escusou-se a apontar uma data-limite
para que seja alcançado um acordo, até porque, observou, a experiência
nas negociações com Londres já mostrou que “é preciso ser muito parco a
fazer previsões”.O ministro reconheceu,
contudo, que era “muito importante” já se conhecer o desfecho das
conversações quando os líderes europeus se reunirem em Bruxelas entre
quinta e sexta-feira, para o último Conselho Europeu do ano.“É
muito importante que, quando os 27 chefes de Estado e de Governo se
reunirem nos próximos dias 10 e 11, tenham uma noção clara” do desfecho
das negociações, “porque uma coisa é certa”: embora a UE esteja “a
investir tudo o que pode” num acordo, “se não for possível chegar a
acordo é preciso por em prática algumas medidas de contingencia para o
novo facto de, a partir de 01 de janeiro, o Reino Unido não ser membro
da UE nem estar no regime de transição em que hoje se encontra”,
detalhou.Santos Silva disse esperar, ainda
assim, que seja possível fechar um acordo muito brevemente sobre a
relação futura entre UE e Reino Unido.O
chefe da diplomacia portuguesa observou que “foi muito importante o
contacto direto entre a presidente da Comissão Europeia [Ursula von der
Leyen] e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que permitiu que
as equipas negociais retomassem as conversações”, atualmente em curso,
num último esforço em busca de um entendimento.O
ministro apontou, todavia, que Portugal, assim como os restantes 26
Estados-membros, “não ignora que, em matéria de pescas e em matéria de
condições de concorrência”, ainda é preciso trabalho para ‘fechar’ um
compromisso.Resta ainda um terceiro dossiê
em aberto, o de governação do acordo, que Santos Silva acredita que não
seria tão difícil de concluir, havendo acordo nos outros dois
dossiês-chave.“Esperamos que os progressos
que houve e que são ainda muito insuficientes possam ser acompanhados
por outros progressos, esses sim, que sejam suficientes”, disse.Reforçando
que “todos” esperam que, “quando o Conselho Europeu se reunir no
próximo dia 10, haja um resultado deste processo negocial” e que
“Portugal espera que esse resultado seja positivo, isto é, que haja um
acordo sobre a relação futura entre a UE e o Reino Unido”, o ministro
garantiu, todavia, que Portugal está preparado para qualquer cenário.“Sim,
nós temos um plano de preparação pronto, e o plano de preparação é para
qualquer cenário. E temos também um plano de contingência, e estamos a
rever medidas desse plano. Agora, no quadro europeu, todos nós estamos a
investir tudo o que podemos na obtenção de um acordo com o Reino Unido,
e por isso é que os planos de contingencia não estão na primeira linha
das nossas prioridades […] A partir do momento em que e se vier a
verificar-se que é impossível obter um acordo […], naturalmente outras
medidas terão de ser tomadas”, declarou.