Programa “Novos Idosos” já apoiou mais de 500 idosos
7 de out. de 2025, 11:36
— Ana Carvalho Melo
O vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, assegurou
ontem que o programa “Novos Idosos”, que já beneficiou 519 idosos, será
para manter.“Se o Governo for o Governo desta coligação, o programa
‘Novos Idosos’ vai continuar. Disso não tenho nenhuma dúvida. E mais,
tenho alguma informação de que a União Europeia estará disposta a
continuar a apoiar este programa fora do âmbito do PRR e noutro
programa”, afirmou ao Açoriano Oriental o governante que ontem presidiu à
sessão de apresentação dos resultados do programa “Novos Idosos” em
Angra do Heroísmo.E acrescentou: “Atualmente, o programa custa cerca
de 7,5 milhões de euros por ano. E mesmo que não haja fundos europeus, é
uma obrigação social do Governo continuar com este programa. Não vejo
que haja nenhum Governo que tenha a coragem de dizer que não financia
este programa com verbas do Orçamento Regional.”Para Artur Lima, os
resultados deste programa, iniciado quando tutelava a área da
solidariedade Social, refletem a pertinência da sua implementação.“Hoje
é talvez o dia mais feliz desde que estou no Governo, ao conhecer os
resultados de uma auditoria feita por entidades externas, que avaliaram o
programa de forma absolutamente extraordinária”, afirmou,
acrescentando: “O projeto, que começou em 2022, abrangeu, desde o
início, 519 idosos. Atualmente, beneficiam do programa 400 idosos.”O
governante acrescentou ainda que se trata de resultados “absolutamente
impensáveis”, pela qualidade de vida que o programa proporciona às
pessoas, algo que elas próprias testemunham.“Eu acho que é,
permitam-me a imodéstia, o programa mais estruturante que conheço, com
impacto social visível, e que se quer duradouro, porque transforma
realmente uma sociedade”, afirmou.Refira-se que, de acordo com um
estudo feito pela empresa Aplixar, do Porto, apresentado ontem pela
coordenadora da Estrutura de Missão para a Promoção de Respostas Sociais
para Idosos, Ana Mendes, 68,1% dos beneficiários afirmam estar
“extremamente satisfeitos com o programa” e 31,9% “bastante
satisfeitos”.Sem este programa, 41,2% dos idosos afirmam que“seria bastante, muito ou extremamente provável estareminstitucionalizados”.O
estudo, que abrangeu 238 idosos de cinco concelhos, fez uma comparação
entre as condições que os utentes apresentavam no início do programa e
após a sua implementação.“Na avaliação inicial, 18% eram totalmente
dependentes. Depois da integração no programa, 39,4% ficaram mais
autónomos”, revelou Ana Mendes, citada pela Agência LusaA avaliação
indicou ainda que 30,5% dos idosos reduziram o risco de queda,
57,7%aumentaram a qualidade de vida e 60,3% melhoraram as funções
cognitivas.Ao Açoriano Oriental Artur Lima realçou ainda que o
programa “Novos Idosos” tem recebido reconhecimento das mais diversas
áreas, desde a OCDE aos próprios utentes.“Quando a OCDE faz esta
avaliação muito positiva deste programa, dando-o como bom exemplo, julgo
que as instâncias europeias estão atentas a isso”, realçou,
referindo-se a um relatório “Preparing for Demographic Change in the
Azores, Portugal”, que analisa o envelhecimento da população e as
políticas de resposta.Neste contexto, destacou que a OCDE defende
que se reflita sobre a transição demográfica, sublinhando que esta tem
como consequências o envelhecimento da população, a pressão sobre os
sistemas de segurança social e de saúde, as mudanças no mercado de
trabalho e a necessidade de adaptações políticas e económicas para lidar
com a nova dinâmica populacional.E, neste sentido, programas como o
“Novos Idosos” vêm responder a necessidades identificadas, como
permitir que as pessoas envelheçam nas suas casas com um cuidador,
aumentando a acessibilidade aos cuidados de saúde e reduzindo as idas ao
hospital.“Estes esforços têm o potencial, a longo prazo, de reduzir
os custos com a saúde, ao mesmo tempo que aumentam a qualidade dos
cuidados prestados, em particular em populações de baixo rendimento, que
tendem a ser desproporcionalmente afetadas por doenças crónicas”,
destacou o governante.Mas, para Artur Lima, é também importante
realçar os feedbacks que tem vindo a receber ao longo dos últimos anos
por parte dos utentes e dos seus cuidadores, sublinhando que, ontem, na
plateia, estavam duas senhoras que são beneficiárias do programa.“A
Eduarda, que é cuidadora, disse-me: ‘Não sei se terei palavras para
expressar a gratidão imensa que sinto hoje pela oportunidade de ser
cuidadora domiciliária da minha mãe, que já conta com 93 primaveras’”,
revelou.Acrescentou ainda: “‘Agora temos um plano individual, feito
de acordo com as necessidades da minha avó, que cumprimos diariamente e
que nos ajuda a estabelecer prioridades’, disse outra pessoa. E ‘É uma
honra participar neste programa. Posso contar sempre com a companhia da
minha filha’, afirmou a Angelina".Apesar da sua satisfação, Artur
Lima considera que o programa nem sempre tem sido devidamente
valorizado, deixando críticas ao Governo da República, que publicou
recentemente a portaria que procede à criação e implementação dos
projetos-piloto de serviço de apoio domiciliário designado por
SAD+Saúde.“É praticamente uma cópia do programa Novos Idosos. E,
portanto, se a República também o financia com o Orçamento da Segurança
Social, a nível nacional, também o deverá financiar para os Açores”,
denunciou.Programa combate a solidãoPara
vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, um dos
aspetos mais relevantes prende-se com o combate à solidão.“É um
programa que, numa altura em que tanto se fala sobre a solidão e se
organizam encontros sobre o tema, combate efetivamente a solidão dos
idosos. 90% afirmam que se sentem menos sozinhos. A conclusão é que
aumentou o seu nível de felicidade”, realça. Ainda sobre o estudo
apresentado ontem, o vice-presidente do Governo realçou que este mostra
que 94,1% dos idosos destacaram a importância de receber assistência na
toma de medicamentos. Já 92,4% referiram que, com as atividades
desenvolvidas pelos cuidadores domiciliários, melhoraram a sua
motricidade, e 95,8% destacaram o apoio na confeção e na toma das
refeições.Por outro lado, enfatizou que a implementação deste
programa veio também reduzir a pressão nos lares de terceira idade,
libertando vagas para idosos acamados, enquanto outros permanecem nas
suas casas. Já na vertente económicaArtur Lima destacou que o
programa “Novos Idosos” gera cerca de 400 postos de trabalho diretos, um
por cada idoso apoiado, com cuidadores areceberem “até 940 euros por
mês”.Além disso, existem equipas técnicas especializadas
(nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, psicomotricistas,
assistentes sociais, etc.), num total de 40 técnicos em dedicação
exclusiva, 12 técnicos das instituições e 14 equipas locais.Ainda
acerca deste programa, Artur Lima recordou que se trata de um projeto
que já tinha idealizado antes de integrar o Governo e que foi com grande
empenho que a sua equipa do XIII Governo o iniciou. Nesse sentido
explicou que o programa foi concebido e operacionalizado inicialmente no
seu próprio gabinete, com o apoio direto da sua chefe de gabinete,
quatro adjuntos e uma pequena estrutura de missão composta por três
pessoas, quando tutelava a área da Solidariedade Social.Realçou
também o esforço que continua a ser colocado no mesmo pela equipa atual,
sob a tutela da Secretaria Regional da Saúde e Segurança Social,
liderada por Mónica Seidi.