Profissões do mercado marítimo e portuário com procura crescente
14 de ago. de 2023, 07:29
— Ana Carvalho Melo
O crescimento do transporte marítimo a nível mundial, assim como a
evolução tecnológica dos navios, está a contribuir para o crescimento da
procura de quadros para trabalhar na Marinha Mercante e no setor
marítimo-portuário.Esta é a realidade que Vítor Franco, presidente
da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, tem vindo a verificar
nos últimos anos e que contribui para que os alunos da escola registem
uma taxa de empregabilidade superior a 90%.“Atualmente a nível
internacional há uma grande falta de oficiais da Marinha Mercante, com
os dados internacionais relativos 2021 a revelarem que faltam mais de 20
mil oficiais da Marinha Mercante, o que com a guerra na Ucrânia ainda
se agravou”, revelou. Segundo o responsável, para esta procura contribuiu o crescimento do comércio mundial.“O
transporte marítimo representa praticamente todos os setores de
atividade, estimando-se que a nível global cerca de 80% do comércio
mundial passa por navios. Entre 1992 e 2020 mais do que duplicou o
transporte marítimo e a capacidade da frota mundial aumentou 37% entre
2013 e 2020”, explicou. Por outro lado a transição digital no
transporte marítimo e a transição energética também obriga a novas
competências, criando mais uma vez procura de quadros.Formar futuros
oficiais da Marinha Mercante e quadros superiores do setor
marítimo-portuário nas áreas da intermodalidade, gestão e logística é a
missão da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH) que
celebra seu 100.º aniversário no próximo ano.“A ENIDH é a única
escola de ensino superior do país que faz formações para as áreas da
Marinha Mercante e portuária. Todos os nossos cursos são acreditados
pela A3ES, como acontece em todas as instituições de ensino superior em
Portugal, e simultaneamente pela EMSA (European Maritime Safety Agency),
entidade que confere certificações reconhecidas internacionalmente para
os cursos marítimos”, revelou Vítor Franco ao Açoriano Oriental.Como
destacou o responsável a taxa de empregabilidade de cursos lecionados
na ENIDH é muito elevada, revelando que em engenharia de máquinas
marítimas é de 99,2%, pilotagem com 98,5%, gestão de transportes e
logística de 98,4% ou gestão portuária de 95,3%, para além de serem
profissões bem remuneradas. “São carreiras extremamente bem
remuneradas, com um salário bruto anual entre os 100 e os 120 mil euros.
No entanto há um grande desconhecimento sobre as carreiras marítimas e a
maior parte dos jovens não conhece estas saídas profissionais”,
afirmou.Vítor Franco realçou ainda que já existem vários exemplos de
sucesso de mulheres na Marinha Mercante, dando como exemplo Ana Melim,
ex-aluna da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, que é a
primeira madeirense a comandar um navio da marinha mercante, o
porta-contentores ‘Rebecca S’ do armador madeirense GS Lines.“São
claramente profissões de futuro, que não significam que a carreira tenha
de ser passada na totalidade no mar. Por exemplo, ao nível da
engenharia há uma procura imensa de engenheiros que já trabalharam no
mar, dado que têm uma vasta experiência nos mais diversos sistemas, o
que lhes dá vantagem para trabalhar numa unidade industrial ou num
hotel, por exemplo”, referiu.A ENIDH disponibiliza uma oferta
formativa composta por licenciaturas em pilotagem, engenharia de
máquinas marítimas, gestão de transportes e logística, gestão portuária,
engenharia eletrotécnica marítima e engenharia informática e de
computadores. Assim como mestrados em pilotagem e engenharia de máquinas
marítimas; e ainda cursos técnicos superiores profissionais (TeSP) em
manutenção mecânica naval, eletrónica, automação naval, redes e sistemas
informáticos, navegação de recreio e operação marítimo-turística, e
operações de pesca e rebocadores marítimos.“A ENIDH é no panorama
das escolas superiores portuguesas a mais pequena, mas no próximo ano
fazemos 100 anos e vamos fazer uma forte divulgação nas áreas do país
onde havia uma forte tradição marítima”, afirmou, revelando que na
última década a escola teve 240 alunos dos Açores.