Profissionais da PSP e GNR voltam à rua para exigir do Governo cumprimento de promessas
19 de nov. de 2019, 18:03
— Lusa/AO Online
Com o lema “tolerância zero”, a
manifestação conjunta é organizada pela Associação Sindical dos
Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e Associação dos Profissionais da
Guarda (APG/GNR), começa às 12h00 (menos uma nos Açores) no Marquês de Pombal e ruma à
Assembleia da República, com concentração marcada para as 16 horas.Apesar
de o ministro da Administração Interna (MAI) ter reunido na
quinta-feira passada com os sindicatos mais representativos da PSP e na
segunda-feira com a APG/GNR, as estruturas decidiram manter o protesto,
por ainda não estar definido um calendário para a resolução rápida dos
problemas, apenas uma agenda de reuniões negociais. À
saída da primeira da reunião com o MAI, que durou cerca de uma hora e
meia, Paulo Rodrigues, presidente da ASPP/PSP disse aos jornalistas que o
ministro garantiu estar “disponível para dialogar e resolver um
conjunto de questões” e que, inclusive, “fez algumas programações para
discutir matérias” que para os sindicatos “são muito importantes”.Em
comunicado no dia seguinte à reunião, o gabinete do ministro diz que
está em "preparação, em diálogo com os sindicatos e as associações
profissionais, a nova Lei de Programação das Infraestruturas e
Equipamentos para as Forças e Serviços de Segurança do MAI, para a
período pós-2021, dando continuidade ao diploma que, desde 2017,
permitiu instituir um novo modelo de gestão estrutural e plurianual de
investimentos a realizar nas várias valências operacionais".Propõe
ainda a definição de um Programa Plurianual de Admissões, "por forma a
garantir o rejuvenescimento das Forças de Segurança", a "preparação de
um diploma específico sobre Segurança e Saúde no Trabalho aplicável às
Forças de Segurança" e a "análise e revisão de suplementos
remuneratórios, incluindo a questão do pagamento faseado dos suplementos
suspensos entre 2011 e 2018".Estas são
também as reivindicações dos sindicatos, contudo, o líder sindical
considerou que estas propostas não são suficientes ainda para fazer
desmarcar a manifestação de agentes da autoridade em Lisboa, reiterando
que este primeiro-ministro e o próprio MAI ao longo dos quatro anos da
legislatura anterior tiveram tempo de analisar e estudar os problemas e
que agora é tempo de agir o mais brevemente possível.Entre
as reivindicações que motivaram o protesto e além dos aumentos
salariais está também a atualização dos suplementos remuneratórios, que
“há mais de 10 anos que não são revistos”, o pagamento de um subsídio de
risco e mais e melhor equipamento de proteção pessoal.Os
polícias exigem também uma fiscalização das condições de higiene, saúde
e segurança no trabalho e que seja cumprido o estatuto na parte
referente à pré-aposentação aos 55 anos.Num
comunicado conjunto a anunciar a marcação da greve, ASPP/PSP e a
APG/GNR referiam que, na anterior legislatura, o Governo “fez promessas
que não cumpriu e protelou a resolução de problemas que estão a colocar
em causa não só a estabilidade das instituições, mas toda a segurança
pública em Portugal”. A ASPP/PSP e a
APG/GNR, presidida por César Nogueira, sublinharam que o novo Governo
“não pode escudar-se na falta de conhecimento dos problemas nem
desvalorizar as promessas” feitas nos últimos quatro anos, lamentando
que, até ao momento, não tenha sido dada “uma palavra sobre o futuro
destas instituições”. César Nogueira
lamentou que há uma série de problemas na PSP e na GNR que estão por
resolver, existindo “promessas por cumprir”, e esta ação, além de
protesto, tem também por objetivo “colocar na agenda política as forças
de segurança”, uma vez que “pouco se sabe” sobre o que o atual Governo
pretende para as polícias.Quanto ao
protesto de quinta-feira, que já conta com apoio de outras estruturas
sindicais e o autodenominado Movimento Zero, cuja composição é
desconhecida, que se manifesta nas redes sociais, Paulo Rodrigues
manifestou o desejo e a convicção de que “será pacífica” e “muito
participada”, já que existe muita insatisfação no seio das Forças de
Segurança.“Queremos que a força desta
manifestação seja pela quantidade de elementos da PSP e da GNR presentes
e não por alguma coisa, de que já se fala, que poderá haver alterações
da ordem pública. O que queremos é que a manifestação corra com toda a
razão possível. Entramos nela com razão, com motivos para a realizar, e
queremos que seja terminada com a mesma razão que nos levou a
realizá-la”, sublinhou. O Movimento Zero
foi criado através das redes sociais e dele fazem parte agentes da PSP e
militares da GNR. Uma das suas ações mais notórias foi um protesto
durante a cerimónia de aniversário da PSP, a 12 de julho, em Lisboa,
quando os polícias do Movimento Zero vestiram então camisolas brancas e
voltaram-se de costas quando o diretor nacional da PSP, Luís Farinha,
começou a falar na cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António
Costa, mantendo-se nesta posição até ao final do discurso.Na
última legislatura, elementos das forças de segurança fizeram vários
protestos, em defesa das carreiras e dos salários, mas nenhuma assumiu
contornos violentos, como o que ocorreu em março de 2014, no mesmo
local, onde chegou a haver confrontos entre o Corpo de Intervenção e os
manifestantes, quando estes derrubaram as barreiras policiais e tentaram
subir as escadarias do parlamento, tendo resultado em 10 feridos.Num
universo de cerca de 20.000 PSP, existem 18 sindicatos na polícia com
cerca de 4.000 dirigentes e delegados, mas a legislação sobre as
associações profissionais da polícia foi revista, determinando os
critérios para terem capacidade para negociar com o Governo. As associações esperam que seja a maior manifestação conjunta das forças de segurança e que corra de forma pacífica e ordeira.