Profissionais avisam que "não arredam pé" das suas exigências
Enfermeiros/Greve
19 de out. de 2018, 17:47
— Lusa/AO Online
Segundo
o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José
Carlos Martins, a manifestação em Lisboa juntou 7.500 profissionais, que
se concentraram no Campo Pequeno e se dirigiram ao Ministério da Saúde.No
discurso final da manifestação, José Carlos Martins avisou que os
enfermeiros não vão deixar as formas de luta até conseguirem uma revisão
das suas carreiras e anunciou que a nova ministra da Saúde agendou uma
reunião negocial para dia 31 de outubro.A manifestação foi o culminar de seis dias, não consecutivos, de uma greve dos enfermeiros.Após
a manifestação, os representantes dos sindicatos entregaram no
Ministério da Saúde uma moção em que consideram inadmissível que o
Governo não resolva o descongelamento das progressões, a carência de
enfermeiros e o pagamento do suplemento remuneratório dos especialistas.Os
sindicatos exigem uma carreira de enfermagem e uma “justa e correta
contagem dos pontos para o efeito do descongelamento das progressões” a
todos os enfermeiros, além da admissão de mais profissionais para o
Serviço Nacional de Saúde.Da
parte dos partidos, PCP e Bloco de Esquerda quiseram hoje associar-se
ao protesto dos enfermeiros, vincando que as reivindicações dos
profissionais são justas.Pelo
PCP, o eurodeputado João Ferreira considerou como “justas e
pertinentes” as exigências, considerando que “há muito que é necessária
uma valorização” destes profissionais.“Pese
embora os passos positivos que foram dados nos últimos anos, há muito
que ainda está por fazer e há um processo de degradação do SNS que não
foi ainda invertido. Isso exige outra postura e outra resposta da parte
do Governo”, comentou João Ferreira, que esteve presente na
manifestação, bem como a deputada do PCP Carla Cruz, que no parlamento
acompanha de perto os temas da saúde.Também
o Bloco de Esquerda sublinhou que as reivindicações dos enfermeiros são
“pertinentes e justas” e que deveriam “merecer o apoio de toda a
população”.Moisés
Ferreira, deputado bloquista, entende que uma remodelação governamental
não pode “servir de desculpa” para suspender ou adiar processos de
negociação que deviam estar em curso.“A
nova ministra da Saúde deve apresentar o mais rapidamente possível uma
proposta verosímil aos profissionais de enfermagem para negociar a nova
carreira”, apelou Moisés Ferreira.O
Bloco alerta ainda que muitos hospitais do país não estão a
contabilizar todos os anos de serviço para a progressão de carreira dos
enfermeiros, indicando que o Ministério da Saúde deve intervir para
corrigir esta situação.A manifestação de hoje contou ainda com o apoio da bastonária da Ordem dos Enfermeiros.Ana
Rita Cavaco frisa que os profissionais reclamam uma carreira, um
“vencimento base digno, uma reforma com uma idade digna e uma
valorização profissional”.“A Ordem está sempre ao lado dos enfermeiros e não faria sentido não estarmos aqui hoje”, disse.Sobre
a nova ministra da Saúde, a bastonária disse ter uma “boa expectativa”,
considerando que Marta Temido conhece as negociações e as
reivindicações dos enfermeiros:“Penso que tem condições para fazer um bom trabalho assim lhe sejam dados meios para fazer”.Marta
Temido tomou posse na segunda-feira como ministra da Saúde,
substituindo Adalberto Campos Fernandes, e já no meio da greve de seis
dias (não consecutivos) dos enfermeiros.