Professores têm dificuldades em integrar nas aulas projeto sobre oceanos
24 de abr. de 2025, 17:33
— Lusa/AO Online
O
projeto Sea Tales desenvolvido em Portugal pela Zero iniciou em janeiro
de 2025 a fase piloto de implementação de um currículo centrado na
literacia do oceano e está a ser testado na Escola Básica 1/2/3 Pedro de
Santarém (Benfica/Lisboa), na Escola Secundária de Paredes (Porto) e na
Escola Básica de São Lourenço (Porto), refere a associação
ambientalista Zero num comunicado enviado à Lusa.
A responsável pela construção do currículo do projeto em Portugal,
Joana Soares, disse que atualmente os professores têm dificuldade em
incorporar a atividade extracurricular nas aulas, por não terem tempo e
espaço, já que as atividades podem durar 40 ou 80 minutos.
“Este currículo está a ser testado em três escolas portuguesas,
representando uma etapa fundamental na adaptação de recursos pedagógicos
que promovem uma relação mais consciente e responsável para com o
oceano”, segundo o comunicado. O projeto cofinanciado pelo programa Erasmus+ da União Europeia dirige-se a alunos do 1.º e 2.º ciclos.
Joana Soares confirmou que os alunos adoram as atividades dinâmicas,
por serem menos rígidas do que as aulas normais, sublinhando que as
atividades focam-se muito no ‘role-playing’, isto é, os estudantes
encarnam personagens para conseguir lidar com problemas reais.
Os alunos fazem ainda podcasts, em que entrevistam pessoas ligadas ao
oceano, como ativistas e pescadores, dentro ou fora da escola, como na
praia, por exemplo, segundo a responsável.
“O Sea Tales representa um esforço coletivo para enfrentar os desafios
globais que afetam o oceano, promovendo a mudança de comportamentos
através da educação”, refere a Zero. De
acordo com a associação, o currículo aborda a biodiversidade marinha, os
impactos das atividades humanas nos ecossistemas marinhos e o papel da
cidadania ativa na sua proteção. Para a
Zero, “ao formar cidadãos mais informados, ativos e conscientes, o
projeto contribui para um futuro mais sustentável para o oceano e para o
planeta”. Os principais objetivos do
projeto incluem capacitar os professores com conhecimentos e ferramentas
práticas em literacia do oceano, promovendo o desenvolvimento
profissional, facilitar a integração de temas oceânicos em diversas
disciplinas, desenvolver um currículo modular, com planos de aula de
fácil aplicação, e atividades de ‘role-playing’ baseadas no quadro de
literacia do oceano da Organização das Nações Unidas.
Outro propósito do projeto é inspirar os alunos a tornarem-se agentes
de mudança através de atividades interativas e participativas, como
saídas de campo, clubes de leitura, teatro e podcasts.
A criação de redes de colaboração entre escolas e entidades externas,
desenvolvendo uma comunidade de embaixadores Sea Tales, “composta por
cientistas, organizações ambientais, museus, aquários, centros
pedagógicos e instituições públicas”, também é um dos objetivos
principais. O currículo organiza-se em
três módulos interativos e práticos, com um total de 14 planos de aula,
que procuram integrar o tema do oceano nas escolas, promovendo o
respeito pela natureza e a conservação marinha. Segundo
a Zero, a primeira metade do projeto, que se iniciou em outubro de
2023, focou-se no desenvolvimento dos materiais e na formação de
professores.O Sea Tales foi desenvolvido
por um consórcio europeu com parceiros da Grécia, Islândia, Roménia e
Portugal e deu formação a 25 professores, que estavam diretamente
envolvidos, sendo que cinco eram portugueses.Atualmente,
o projeto é conhecido por mais docentes, que não receberam formação,
mas disponibiliza aos professores o currículo do projeto, como os
materiais educativos que necessitam.