Professores regressam hoje à greve ao trabalho extraordinário
14 de out. de 2019, 08:30
— Lusa/AO Online
Os
sindicatos alegam que a construção dos horários dos professores é
ilegal, por impor um acréscimo de cerca de 30% às 35 horas semanais
aplicáveis à generalidade da administração pública e também
especificamente aos professores, conforme estabelece o Estatuto da
Carreira Docente.Pouco depois do arranque
do ano letivo, os sindicatos retomam assim uma greve que transita do ano
letivo anterior e que não tem data para terminar. “A
eventual suspensão desta greve dependerá da disponibilidade do
Ministério da Educação, no caso, a próxima equipa ministerial, para
respeitar o horário semanal de 35 horas que também se aplica aos
docentes”, lê-se num comunicado da Federação Nacional dos Professores
(Fenprof), uma das dez estruturas sindicais que convocam a paralisação.O
pré-aviso de greve, que entra hoje em vigor, foi entregue ao Ministério
da Educação na passada segunda-feira, e pressupõe que os docentes
possam fazer greve a trabalho extraordinário como as reuniões
intercalares de avaliação dos alunos, sempre que estas sejam marcadas
fora do horário semanal de 35 horas.“Este
pré-aviso de greve destina-se a garantir que o horário semanal dos
docentes seja efetivamente de 35 horas e não mais, bastando, para tanto,
que os professores façam greve sempre que lhes for atribuída atividade
que faça exceder, em cada semana, aquele número de horas de trabalho”,
explica a Federação Nacional de Educação (FNE), também em comunicado.A
greve incide sobre reuniões de avaliação, reuniões de preparação e
coordenação de trabalho letivo, secretariado de provas de aferição e
exames, ações de formação, coadjuvação de aulas ou apoio a alunos, entre
outras atividades, sempre que estas sejam marcadas fora do horário de
35 horas.“Responsáveis do Ministério da
Educação (ME) tentaram fazer passar a ideia de que semelhante greve, no
ano que passou, não teve impacto, mas isso é falso. É verdade que a sua
visibilidade pública não teve o impacto que têm as greves que deixam os
alunos sem aulas, mas a greve, em muitas escolas, levou as respetivas
direções a corrigir as ilegalidades e a acabar com os abusos. Isto só
foi possível porque, contrariamente ao que afirmaram responsáveis do ME,
as consequências fizeram-se sentir, através da anulação de reuniões ou
da ausência de muitos docentes nas que se realizaram”, refere a Fenprof.As
duas federações recordam que tentaram dialogar com o ME no final do ano
letivo passado sobre a revisão dos horários dos professores, de forma a
respeitar as 35 horas semanais, mas sem resultados.