"Professores queixam-se muitas vezes com razão das suas condições"
12 de dez. de 2022, 12:06
— Lusa/AO Online
“Eles são fundamentais e
queixam-se e queixam-se e queixam-se muitas vezes com razão das suas
condições. E, naturalmente, que essa é uma preocupação que eu, como
professor, acompanho desde sempre”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em
Ourém, onde hoje foi recebido junto à Escola Básica e Secundária por
professores em protesto no segundo dia de greve por tempo indeterminado
convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P.).O
chefe de Estado adiantou que os docentes “estão a pensar, sobretudo nos
professores do básico e do secundário”, mas o problema é geral “a todos
os graus de ensino”.“É uma preocupação,
em muitos casos, muito justa”, declarou, considerando que “os
professores são do mais importante” que o país tem, “conjuntamente com o
pessoal de saúde, dentro da função pública, porque tudo começa na saúde
e depois continua na educação”.Para
Marcelo Rebelo de Sousa, as duas áreas “estão muito ligadas e são
fundamentais para garantir a justiça, a igualdade e o progresso do
país”.À chegada, professores e alunos
cantaram os parabéns ao Presidente da República, que completa hoje 74
anos, e uma professora em protesto entregou ao Presidente da República
livros escritos por um aluno da escola.“Esses
são os méritos da escola”, declarou a docente ao chefe de Estado, ao
que Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “Em particular da escola
pública”.Sobre a oferta, disse que “é o melhor presente” que lhe podiam dar.“Eu
adoro livros, sou professor, e um livro de um aluno quer dizer muito
sobre aquilo que os professores fazem todos os dias e, muitas vezes, em
condições dificílimas”, referiu, apontando, por exemplo, a pandemia de
covid-19 ou os problemas que têm no seu estatuto.Cerca
de 40 professores concentraram-se hoje junto à Escola Básica e
Secundária de Ourém, no distrito de Santarém, onde o Presidente da
República está a dar uma aula debate.O
S.TO.P. convocou uma greve por tempo indeterminado, desde 09 de
dezembro, em protesto contra as propostas de alteração aos concursos e
para exigir respostas a problemas antigos.Em
comunicado, o sindicato, que representa cerca de 1.300 docentes, refere
que a “forma de luta inédita” resulta de uma sondagem realizada no
blogue ArLindo, em que 1.720 pessoas apoiaram a realização de uma greve
por tempo indeterminado.Entre as
principais reivindicações, o S.TO.P. aponta “questões fundamentais do
passado não resolvidas”, defendendo, desde logo, a contabilização de
todo o tempo de serviço, o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º
escalões e a possibilidade de aposentação sem penalização após 36 anos
de serviço.Critica também as alterações
recentes ao regime de mobilidade por doença, as ultrapassagens na
progressão da carreira docente e reivindica soluções para os professores
em monodocência e uma avaliação sem quotas.A
greve é igualmente uma resposta às propostas do Ministério da Educação
para a revisão do regime de recrutamento e mobilidade do pessoal
docente, que está a ser negociada entre a tutela e os sindicatos do
setor.