Professores protestaram em Lisboa pela progressão na carreira docente
5 de mar. de 2020, 10:59
— Lusa/AO Online
“Estamos
em março e ainda nem sequer chegou aos sindicatos uma convocatória para
uma reunião de negociação”, criticou o secretário-geral da Federação
Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, acusando o ministério
de “impedir os professores de progredir”. Segundo
Mário Nogueira, o número de docentes nesta situação aumentou em 310%
entre 2018 e 2019, sendo que em janeiro de 2019 estavam a aguardar 2.178
professores, 632 no 4.º escalão e 1.546 no 6.º escalão, alguns dos
quais retidos desde 2004. “Estamos a
falar de uma carreira em que os escalões são de quatro anos, por norma,
e, portanto, significa que estes colegas, nestes 16 anos, já deviam ter
progredido quatro escalões e ainda estão no escalão em que estavam em
2004”, denunciou o dirigente sindical. Mário
Nogueira acusou ainda a tutela de prolongar uma situação
discriminatória, apontando diferenças entre as regiões autónomas dos
Açores e Madeira e Portugal continental, no que respeita aos critérios
de progressão na carreira docente. “Nos
Açores nenhum escalão tem progressão condicionada por vagas e na Madeira
(…) o número de vagas foi sempre igual ao número de professores que
chega aos 4.º e 6.º escalão, para poderem progredir”, explicou,
afirmando que o número de vagas, no continente, tem sido insuficiente
para permitir o descongelamento da progressão de todos os docentes que
estão “retidos” nestes escalões. É com
esse objetivo que a Fenprof exige, igualmente, a abertura de vagas em
número igual ao de docentes que reúnam os requisitos para progredir,
propondo que este critério se mantenha até à eliminação dos
constrangimentos introduzidos na carreira. “Tendo
e conta que há tantos anos que os professores estão ali parados, (a
Fenprof propõe) que todos os professores que até 31 de dezembro de 2019
reuniram os requisitos de progressão (…) tenham vaga e possam progredir,
porque eles já foram demasiadamente penalizados”, afirmou.Em
2019, abriram 1405 vagas para progressões ao 5.º e 7.º escalões da
carreira docente (632 para o 5.º escalão 773 para o 7.º), uma medida
destinada aos professores que tiveram avaliações de “Bom”, já que os
docentes com avaliações de Muito Bom ou Excelente progridem
automaticamente de escalão sem estarem sujeitos a este contingente. De
acordo com contas da tutela, a vagas abertas nesse ano correspondiam a
"78% dos docentes que se encontram no 4.º escalão e a 57% dos docentes
que se encontram no 6.º escalão”. Mário
Nogueira considerou ainda que os docentes estão a ser duplamente
prejudicados, sublinhando que muitos deles não recuperaram os dois anos,
nove meses e 18 dias de tempo de serviço já contabilizados pelo
Governo, utilizados para efeitos de graduação na lista de espera. “É
outra injustiça e nós achamos que depois de mudarem para o escalão
seguinte, estes colegas têm que recuperar como os outros o tempo de
serviço”, afirmou.No final do protesto, os
professores aprovaram uma moção com as principais exigências
relativamente ao desbloqueamento da progressão aos 5.º e 7.º escalões,
que entregaram no Ministério da Educação. Além
da concentração em Lisboa, os professores juntaram-se também nas
delegações regionais do ministério no Porto, Coimbra, Évora e Faro.
Segundo a organização, saíram à rua cerca de mil docentes em todo o
país.