Professores nos Açores esperam que avance devolução de anos de serviço
24 de jan. de 2022, 15:59
— Lusa/AO Online
“A
devolução deve ser para já e para todos”, afirmou, em declarações à
Lusa, o presidente do Sindicato Democrático dos Professores dos Açores
(SDPA), Ricardo Baptista.“Tem havido um
diálogo positivo com a atual secretária da Educação, mas esperemos que
isto não seja meramente um anúncio pré-eleitoral e que se concretize
quando fizermos a negociação do estatuto”, acrescentou o presidente do
Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), António Lucas.Na
sexta-feira, após se ter reunido com todos os partidos representados no
Parlamento açoriano, a secretária regional da Educação, do executivo da
coligação PSD/CDS-PP/PPM, comprometeu-se a atribuir três anos de
serviço aos docentes que perderam esse tempo na transição de carreiras.“Nas
várias alterações do estatuto da carreira docente nos últimos anos, os
processos de transição de um regime para o outro geraram injustiças, com
diferenciações que vão até três anos, e nós achamos que deve haver
equidade laboral e condições equitativas para todos, que neste momento
não temos e que devem ser revistas”, disse, em declarações aos
jornalistas.A correção do tempo de serviço é reivindicada há vários anos pelos sindicatos de professores na região.Questionado
pela Lusa, Ricardo Baptista lembrou que, desde a aprovação da nova
carreira em 2015 (altura em que o PS governava a região), o SDPA
promoveu “inúmeras iniciativas” contra uma “situação discriminatória
entre docentes”, que passaram, por exemplo, por apresentar o caso à
Provedoria da Justiça e por lançar uma petição pública.O
sindicalista apelou a uma resolução rápida do problema, mas disse estar
consciente dos “’timings’ políticos que existem neste momento”.“É
um percurso que estamos a fazer, mas nós fechamos este dossiê quando
virmos este tempo devolvido já e agora para todos os professores”,
reforçou.Segundo Ricardo Baptista, a nova
carreira, que entrou em vigor em 2015, prevê que os docentes acedam ao
último escalão com 34 anos de serviço, mas na prática a maioria acaba
por aceder só aos 37 anos.“O que está
definido no estatuto da carreira docente é que cada escalão dura quatro
anos e ao fim de quatro anos existe uma transição para o escalão
seguinte. Na Região Autónoma dos Açores, a transição ao segundo escalão
seria de sete anos”, apontou, alegando que no continente o docente
progride na carreira ao fim de quatro anos.O
dirigente do SDPA acusou o anterior Governo Regional de ter “sonegado”
três anos de serviço aos docentes e de provocar “prejuízos”
significativos.“Fazendo os cálculos da
perda deste valor ao longo da carreira toda, temos docentes que têm uma
perda aproximada a 100 mil euros. Estamos a falar de uma penalização
bastante grande”, revelou.Segundo Ricardo
Baptista, todos os professores que estavam abaixo do 5.º escalão na
carreira anterior “têm um prejuízo de três anos”, mas não são os únicos
afetados.“Mais de 80% dos professores que
estão na carreira na Região Autónoma dos Açores têm uma perda. Foi-lhes
sonegado este tempo de serviço por uma decisão meramente política na
altura”, frisou.António Lucas, do SPRA,
defendeu que é preciso “reposicionar as pessoas todas em função do tempo
de serviço que tinham” aquando da entrada em vigor da nova carreira,
porque é “a única forma de não haver ultrapassagens na carreira”.A
rejeição desta proposta foi um dos motivos que levou a que o SPRA não
tivesse assinado o acordo com vista à revisão do estatuto da carreira
docente, explicou o sindicalista.“Na
altura, o que nos foi dito pela tutela é que não tinham meios
financeiros para fazer esse reposicionamento e avançaram com a proposta
que está hoje no estatuto, que leva a que haja pessoas que façam uma
carreira com 37 anos e outras com 34”, recordou.Segundo
António Lucas, o problema arrasta-se desde 2007, altura em que alguns
docentes só chegavam ao topo da carreira com 41 anos de serviço.“Quando
foi feita a alteração em 2015, foi eliminada a norma transitória
anterior para uma menos nociva, mas ela manteve-se”, salientou.O
dirigente do SPRA admitiu que o problema afete “a esmagadora maioria”
dos professores, mas disse que se for feito o “reposicionamento” nas
carreiras pode ser eliminada uma “injustiça”.“Três
anos de diferença são quase um escalão. Os escalões quase todos da
carreira têm quatro anos, portanto isto implica quase que a esmagadora
maioria passe para o escalão seguinte”, avançou.