Professores lançam campanha para exigir cumprimento de promessas eleitorais
26 de fev. de 2024, 12:25
— Lusa/AO Online
“Estamos num período de promessas. As
promessas têm de se transformar em compromissos e os compromissos são
para cumprir. Estamos atentos a isso. Todos os partidos políticos têm
dito que vão recuperar o tempo de serviço dos professores. Entre o dizer
e o cumprir vai um longo caminho, mas nós cá estaremos depois do dia 10
de março para exigir o cumprimento desses compromissos”, afirmou à
agência Lusa Francisco Gonçalves, subsecretário-geral da Federação
Nacional dos Professores (Fenprof).A
tomada de posição para “chamar a atenção para os problemas dos
professores” decorreu no passeio das Mordomas da Romaria, em frente à
Câmara Municipal de Viana do Castelo, com a participação de cerca de
duas dezenas de professores.Francisco
Gonçalves adiantou que “mais do que a participação de professores”, o
propósito desta iniciativa é “marcar” a campanha eleitoral para as
eleições legislativas antecipadas de 10 de março, relembrando “problemas
que continuam por resolver”. Ao longo dos
dez dias de campanha eleitoral a Fenprof vai percorrer os 18 distritos
do país e as regiões autónomas, colocando um assunto por dia na agenda
da campanha eleitoral.O horário e as condições de trabalhos dos professores marcaram o arranque da campanha, em Viana do Castelo. “O
estatuto da carreira dos professores aponta para um horário de trabalho
de 35 horas. O que verificamos, na prática, é que os professores
trabalham mais de 50 horas (…) Isto provoca um desgaste cada vez maior
que, somado a todos os outros problemas dos professores, leva a que os
professores estejam como o prisioneiro à espera do dia da libertação no
que diz respeito à aposentação”, afirmou.A
precariedade, a contagem do tempo de serviço, a falta de apoios para os
professores deslocados, inexistência do regime de proteção na doença, a
profissão não ter a procura que necessitava de ter para o
rejuvenescimento da profissão, são outros do problemas apontados.“Os
alunos que hoje são formados são manifestamente insuficientes para
cobrir as aposentações, em número maior cada ano que passa”, alertou
Francisco Gonçalves, referindo que “até ao final da década mais de 30
mil professores vão aposentar-se”.“No
início deste ano letivo foram cerca de 600 os jovens professores
recém-formados para fazer face a 3.500 aposentações em 2023 e quatro ou
cinco mil este ano. Há necessidade de resolver este problema”, avisou,
alertando para a necessidade de “valorizar a profissão para atrair mais
jovens para a carreira”. Os professores
que marcam presença na ação em Viana do Castelo, assinaram quatro
petições, para serem discutidas na próxima legislatura, sobre carreiras,
precariedade, condições de trabalho e aposentações.Ema Barbosa, de Ponte da Barca, é educadora de infância e está colocada em Monção, no distrito de Viana do Castelo.“Ainda
estou contratada e tirei o meu curso há 21 anos. Já era altura de os
contratados entrarem para a carreira. Nunca sei se vou chegar ao final
do ano com o contrato ativo”, afirmou.Ema Barbosa manifestou “esperança” de que o Governo que sair das eleições de 10 março “oiça os professores”.Maria
Almeida, de Monção, também educadora de infância, quer “lembrar os
partidos políticos que vão formar o próximo Governo que os professores
continuam a lutar para que a carreira seja valorizada”.“A
esperança é a última a morrer. Dos professores depende o futuro de
Portugal. Não podemos ter um Portugal melhor se não tivermos uma boa
educação”, afirmou.A ação de rua "Professores na campanha" decorre até 08 de março.