Professores em greve protestaram em frente à Escola Gil Vicente em Lisboa
9 de jan. de 2023, 15:10
— Lusa/AO Online
“Juntos
pela educação”, “Respeito” e “Dignidade” eram algumas das palavras de
ordem escritas nos cartazes que os 16 professores seguravam em frente à
Escola Secundária Gil Vicente.A ideia era
seguirem, num cordão humano, até ao Largo da Graça, mas os docentes
acabaram por ficar concentrados em frente à escola, que já tinha
encerrado na sexta-feira devido à greve e voltou a fechar durante o dia
de hoje.“É por isso que nós lutamos, pela
dignidade e pelo respeito pela educação, que é a estrutura básica de uma
sociedade que se diz civilizada. Se um país não investe na educação,
fica de rastos”, disse à Lusa Graciela Nunes.Professora
de Português e Francês há mais de 30 anos, Graciela Nunes queixou-se
sobretudo do excesso de trabalho burocrático, que impede os docentes de
se dedicarem, plenamente, às aulas e ao trabalho junto dos alunos, mas
não só.“A educação precisa de um outro
investimento, também nos salários. É uma pobreza franciscana e não
podemos ter um discurso miserabilista”, sublinhou, argumentando que os
professores são remunerados abaixo das suas habilitações, um dos vários
motivos para a pouca atratividade da profissão.Outro dos motivos, acrescentou, é a falta de apoios aos professores deslocados.Cristina
Marcelino, professora de Português e Inglês há três décadas, refere
também a recuperação total do tempo de serviço em que as carreiras
estiveram congeladas, uma reivindicação antiga dos profissionais, bem
como as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira docente,
fator que tem prejudicado a sua progressão.“O
que o senhor ministro diz não nos adianta nada, não nos dá uma resposta
que queiramos ouvir. Se calhar, é a resposta que ele quer ouvir, mas
não está a falar connosco, e é isso que nós precisamos, que ele nos
oiça”, sublinhou a professora.Os
professores estão em greve desde 09 de dezembro. A paralisação, por
tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato de Todos os
Profissionais da Educação (STOP), que já entregou pré-avisos de greve
para todo o mês de janeiro.Entretanto, o
Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) convocou para
a primeira semana de aulas do 2.º período uma greve parcial ao primeiro
tempo letivo, que decidiu prolongar até fevereiro, sendo que entre 16
de janeiro e 08 de fevereiro realiza-se uma greve por distritos,
convocada por oito estruturas sindicais, incluindo o SIPE e a Federação
Nacional dos Professores (Fenprof).Além de
um conjunto de problemas antigos relacionados com a carreira docente e
condições gerais de trabalho, os professores contestam também algumas
das propostas apresentadas pelo Ministério da Educação no âmbito do
processo negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e colocação,
que ainda decorre.O ministro João Costa
já veio, entretanto, esclarecer algumas dessas questões, assegurando,
por exemplo, que a contratação de docentes não vai passar para as
autarquias e que vai continuar a fazer-se com base na graduação
profissional, abandonando também a intenção de permitir que os diretores
possam selecionar 30% dos seus professores.