Professores e polícias recebem visitantes com protesto contra o Governo
Web Summit
6 de nov. de 2018, 11:15
— Lusa/AO Online
À
entrada para a Web Summit, que decorre até quinta-feira no Altice
Arena, no Parque das Nações, bandeiras e cartazes da Fenprof
misturavam-se com os coletes dos polícias do Sindicato Nacional de
Polícia (Sinapol), a entregarem panfletos bilingues às centenas de
participantes no primeiro dia do evento tecnológico. A
chuva não ajudou os sindicalistas, uma vez que muitos dos participantes
na Web Summit ignoravam os panfletos com a pressa de entrarem, outros
recebiam e guardavam, alegadamente julgando que se relacionavam com o
evento, sendo poucos os que paravam para questionar. Enquanto
a Fenprof decidiu ali estar numa ação de sensibilização e de denúncia
pela atuação do Governo face aos professores, nomeadamente a falta de
contagem do tempo integral das carreiras docentes, como relatou à Lusa o
secretário-geral federação sindical, Mário Nogueira, o Sinapol montou
um “protesto” contra o congelamento pelo governo de 12 anos de carreira,
“que está a provocar graves danos financeiros aquando da passagem à
aposentação”, como disse Armando Ferreira, presidente daquela estrutura
sindical da PSP. “Estamos
aqui um grupo de dirigentes sindicais para poder dizer aos
participantes nesta Web Summit que, apesar de Portugal ser um país onde
existem tantos, e bons, profissionais desta área da tecnologia e
inteligência artificial, todos eles tendo passado pela escola, (…) todos
eles tiveram que ter bons professores necessariamente, mas é
precisamente muito tempo de serviço que foi cumprido por esses
professores – muitos com os jovens que aqui vemos passar – que agora o
Governo de Portugal pretende apagar como parte da vida profissional dos
docentes não tivesse existido”, declarou à Lusa Mário Nogueira.O
dirigente sindical disse que o Governo atua “como se seis anos e meio
[da vida docente] não tivessem existido e isso é um desrespeito” com o
qual a classe “não pode estar de acordo”, sendo este o motivo da
denúncia pública de hoje.Questionado
sobre se vê ainda alguma saída para este diferendo, o sindicalista
manifestou a esperança de um entendimento parlamentar durante o debate
na especialidade do Orçamento do Estado para 2019, até tendo “como
referência a solução encontrada na Região Autónoma da Madeira, que a
partir de janeiro começa a recuperar os nove anos e quatro meses e dois
dias congelados.No
protesto dos polícias, os cerca de 60 associados do Sinapol estiveram
no Parque das Nações para “demonstrar ao Governo o descontentamento dos
polícias e lutar por uma solução para os 12 anos em que os polícias
estiveram congelados”.Armando
Ferreira disse à Lusa que os profissionais da PSP “estão a sofrer
bastante” com esta situação, explicando que “os polícias quando passam à
aposentação, passam quase com o mesmo valor de salário que tinham 36
anos antes, quando entraram”.“Ou
seja, com salários muito baixos, porque para nós 12 anos representam
quatro escalões que não foram dados no salário”, declarou, sublinhando
que se vive atualmente “uma política de mau investimento na PSP e em
especial um mau investimento em recursos humanos”.“Somo
o terceiro país mais seguro do Mundo e é preciso demonstrar a todas as
pessoas que nos visitam que se Portugal é seguro, é seguro pelos
polícias que tem e pelos excelentes profissionais que tem, não por causa
das medidas de segurança que se calhar são propaladas pelo Governo”,
concluiu, acrescentando que o protesto decorre ali até quinta-feira, com
associados de vários locais do país.