Professores do ensino básico ao superior pedem orientações ao Governo
Covid-19
26 de mar. de 2020, 12:15
— Lusa/AO Online
Os
professores do ensino básico e secundário queixam-se da “ausência de
orientações claras” do Ministério da Educação, liderado por Tiago
Brandão Rodrigues. No mesmo tom, os professores de universidades e
institutos politécnicos reclamam "medidas concretas" ao ministro do
Ensino Superior e Ciência, Manuel Heitor.Quem
dá voz a estas críticas são os líderes da Federação Nacional de
Sindicatos de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, e o presidente do
Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), Gonçalo Leite Velho.“Devia
haver mais coordenação a nível nacional. Neste momento temos
universidades com decisões diferentes perante problemas iguais e, mesmo
dentro da mesma instituição, temos departamentos a decidir de forma
diferente”, lamentou Gonçalo Leite Velho em declarações à Lusa.Entre
as dificuldades sentidas pelos professores esteve a falta de apoio no
momento de escolher as plataformas online para dar aulas à distância ou o
facto de continuarem sem saber se se vão realizar provas de aferição,
exames e frequências.No ensino básico e
secundário, os professores e diretores já se manifestaram pela suspensão
da realização dos exames do 9.º ano e das provas de aferição,
realizadas pelos alunos do 2.º, 5,º e 8.º anos, mas Tiago Brandão
Rodrigues avisou que só depois de dia 09 de abril será conhecida a
decisão do Ministério da Educação."O
Ministério da Educação tem de ser mais claro e assertivo sobre o
terceiro período de aulas", defendeu Mário Nogueira, em declarações à
Lusa, lembrando que poderá ter de haver uma reorganização dos currículos
e uma recalendalização dos exames nacionais. Também
no ensino superior, os professores querem saber se neste segundo
semestre de aulas - que começou em fevereiro - vai haver exames e
frequências.Gonçalo Leite Velho alertou
que mesmo que sejam levantadas as restrições de isolamento social “os
alunos têm pouco tempo para recuperar a matéria e a realização das
provas e exames têm de garantir que há equidade”, sublinhou, lembrando
que ainda há alunos sem acesso às aulas online.Os
professores dizem também não ter respostas sobre se a ideia é fazer
testes online no 3.º período ou se os trabalhos pedidos devem contar
para avaliação, porque em ambos os casos há o risco de não serem feitos
pelos alunos ou serem feitos com muita ajuda da família, criando uma
desigualdade entre colegas.O 3.º período
do ano letivo dos alunos do básico e secundário começa a 14 de abril, na
mesma altura em que as autoridades de saúde e o Governo preveem a
ocorrência do pico da curva epidemiológica.O
primeiro-ministro, António Costa, admitiu também esta semana que o
encerramento das escolas poderia “ir muito além” das férias da Páscoa.As creches e escolas estão todas encerradas desde dia 16 de março e os alunos estão a ter aulas à distância. Os
primeiros casos confirmados da covid-19 surgiram em Portugal a 02 de
março e o país entrou há uma semana em estado de emergência.O
novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, surgiu no
final de dezembro do ano passado na China e já infetou perto de 450 mil
pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de vinte mil.