Produtores defendem solução articulada com Açores e Espanha para preço do leite
11 de fev. de 2019, 13:08
— Lusa/AO Online
De
acordo com a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), é
preciso chamar à mesa da negociação a produção, a indústria e a
distribuição, para que “os mais fortes não caiam na tentação de tentar
salvar-se, deixando a produção afundar-se em preços baixos e para que
seja rapidamente possível subir o preço do leite ao produtor até um
nível justo”.A
APROLEP refere também, em comunicado, que os produtores de leite em
Portugal continental foram “ao longo dos últimos anos vítimas de preços
baixos e limitações à produção” impostos e justificados, por parte da
indústria, com o mercado espanhol e com o leite vindo dos Açores.Os
dados disponibilizados pela Comissão Europeia através do Observatório
Europeu do Leite permitiram saber que os produtores de leite portugueses
terminaram o ano passado com um preço médio de 31,8 cêntimos por
quilograma (kg) de leite, cerca de 4,0 cêntimos abaixo da média
comunitária.Já
os produtores de leite em Espanha tiveram ao longo de 2018, tal como em
anos anteriores, um preço ligeiramente superior ao de Portugal, mas
sempre abaixo da média comunitária.No
comunicado, a APROLEP explica refere que Espanha “adotou agora” a
rotulagem obrigatória da origem do leite e produtos lácteos, prática que
Portugal tornou obrigatória já em 2018. E
prossegue: “No seguimento dessa nova legislação, cremos que foram muito
oportunas as palavras do ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação
de Espanha, Luis Planas, que pediu à indústria para ‘refletir sobre o
preço que recebem os produtores de leite para que possam também
beneficiar da subida registada na Europa’”.Salienta
que o governante espanhol afirmou ainda que “a evolução do mercado
europeu está a ser favorável”, lembrando que das 350.000 toneladas de
leite em pó que estavam armazenadas para intervenção, apenas restam
4.000, “uma demonstração de que as coisas estão bem no mercado europeu e
que existe estabilidade e boa remuneração para os produtores de leite
na União Europeia”.Relembra
também que Luis Planas se mostrou “surpreendido” por não ver “a
melhoria da Europa transferida” para o mercado local, pelo que o
governante espanhol “pediu a todos os intervenientes” no setor leiteiro
para darem “um passo em frente”, porque “os produtores merecem uma
remuneração justa e estável para o seu trabalho”.A
APROLEP sustenta que o preço médio do leite em Portugal tem sido também
consequência do baixo preço pago aos produtores açorianos, daí que se
associe ao presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, que,
segundo o comunicado, defendeu recentemente ser “uma obrigação
‘garantir a subida do preço de leite à produção’”.Além
disso, a APROLEP registou ainda positivamente as palavras do secretário
regional da Agricultura e Florestas dos Açores, João Ponte, que
anunciou uma iniciativa para “dialogar e articular posições com a
produção e a indústria sobre os laticínios, com vista a uma maior
valorização da matéria-prima, dos produtos e do desenvolvimento desta
fileira”, bem como do presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro,
que diz “não haver alternativa ao entendimento” entre a produção,
transformação e comercialização e que sustenta ser um “erro crasso” para
qualquer destes parceiros pensar que, “salvando-se a si, deixando cair
os outros, pode triunfar”.