Produtores de queijo de São Jorge reivindicam mais apoios
19 de mai. de 2022, 10:10
— Lusa/AO Online
“É necessário valorizar mais o
queijo de São Jorge, sobretudo agora, com o aumento galopante dos custos
de produção”, insistiu o dirigente associativo, durante uma audição na
comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores, que está a
analisar uma proposta conjunta das bancadas do PSD, CDS-PP e PPM, que
define medidas de apoio aos produtores de leite da ilha.No
entender de João Sequeira, a proposta dos três partidos que apoiam o
Governo dos Açores, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro,
vem dar uma ajuda ao setor, que está a atravessar dificuldades, devido à
falta de mão-de-obra e ao aumento dos custos de produção, para além das
dificuldades decorrentes da crise sismovulcânica, que se verifica em
São Jorge.“Estamos de acordo com a medida
aqui proposta. Vem trazer uma melhoria, mas entendemos que não é ainda
suficiente”, ressalvou o presidente da Associação de Agricultores de São
Jorge, para quem a solução passa por aumentar o preço do leite pago ao
produtor, dos atuais 26 cêntimos por litro, para, no mínimo, 40 cêntimos
por litro.O dirigente associativo
lamentou que as cooperativas agrícolas da ilha se limitem a produzir o
típico queijo de São Jorge, com 10 kg de peso, sem avaliarem a
possibilidade de produzirem queijos de tamanho inferior, eventualmente
mais fáceis de vender, ou outro tipo de produtos, como manteiga, a
exemplo do que se faz, por exemplo, nas vizinhas ilhas do Pico e do
Faial.Também Jorge Sousa, da Associação de
Jovens Agricultores Jorgenses, disse concordar com a proposta conjunta
do PSD, CDS-PP e PPM, lembrando que necessário todos ajudarem para que a
produção de queijo de São Jorge seja mais lucrativa.“Vemos
esta iniciativa com bons olhos”, destacou, recordando que o preço do
leite pago ao produtor em São Jorge “subiu um bocadinho”, embora a
produção de queijo na ilha esteja a ficar “cada vez menos lucrativa”,
devido ao aumento brutal dos custos de produção.Além
dos custos com os combustíveis e com as rações, Jorge Sousa lembrou que
os produtos de higienização e saúde animal também aumentaram de preço,
fazendo com que a atividade agrícola na ilha seja “cada vez menos
atrativa”, sobretudo para os jovens.“Já é
difícil para os que estão na atividade, quanto mais para os de fora”,
frisou o dirigente associativo, recordando que a ilha de São Jorge tem
perdido produtores de leite nos últimos anos.“A situação é má agora e daqui a dez anos vai estar pior”, anteviu. António
Aguiar, presidente da Uniqueijo – União de Cooperativa Agrícolas de
Laticínios de São Jorge, também ouvido pela comissão de Economia,
admitiu que não é possível, nesta fase, aumentar o preço do leite pago
ao produtor, pelo menos nas atuais circunstâncias. “Compreendo
que os produtores queiram mais. Há cooperativas que podem pagar mais e
há aquelas que não podem. Em São Jorge, é difícil pagar mais, porque
custa mais produzir aqui do que em outra ilha”, justificou, em resposta
às questões levantadas pelos deputados.O
dirigente defendeu ainda que a produção de laticínios em São Jorge tem
de se diferenciar no mercado como “produto de qualidade” e não em
quantidade e lembrou que a produção de leite na ilha diminuiu entre 2016
a 2021, em cerca de 1,5 milhões de litros/ano. Quanto
à eventual introdução de novos produtos no mercado, António Aguiar
recordou que já foi feita uma experiência, no passado, com a produção de
manteiga e de queijo fresco na ilha, produtos que não tiveram, porém, a
saída esperada.