Produtores de leite reclamam apoios após março com preço à produção mais baixo da UE
20 de mai. de 2021, 11:22
— Lusa/AO Online
“Em março de 2021 os produtores de
leite portugueses receberam, em média, apenas 29,9 cêntimos por kg
[quilograma] de leite, o pior preço entre todos os países da União
Europeia [UE], segundo os dados do Observatório Europeu do Leite. Cinco
cêntimos abaixo da média comunitária! Um preço que estrangula os
produtores portugueses e nos deve envergonhar a todos!”, sustenta a
Aprolep.Esta posição consta de uma carta
aberta em que a Aprolep apela aos industriais de laticínios, empresas de
distribuição, ministra da Agricultura e secretário regional da
Agricultura dos Açores para que apoiem o setor.Recordando
que, nos últimos meses, as matérias-primas para o fabrico das rações
das vacas “subiram exponencialmente, sem perspetiva de descida a curto
prazo”, a associação estima que, “só isso, tenha provocado um aumento no
custo de produção entre dois a três cêntimos por litro de leite”.“Isto
é muito grave, porque a margem dos produtores era já muito reduzida ou
quase nula, tal como a Aprolep alertou ao longo dos últimos anos”,
sustenta.De acordo com a associação, os
produtores recebem “o mesmo preço há 20 anos”, tendo de suportar “o
aumento do custo da energia, da mão de obra e de todos os fatores de
produção”.“Com o preço do leite congelado,
estamos a presenciar atrasos de pagamentos, desânimo e revolta entre os
nossos associados, cujas consequências não podemos antecipar”, avisa.Perante
a “crise que aumenta no setor leiteiro e o silêncio de governantes,
industriais e empresas de distribuição”, a Aprolep questiona, na carta
aberta hoje divulgada, se a ministra da Agricultura e o secretário
regional da Agricultura dos Açores “estão disponíveis para trabalhar em
conjunto com o setor leiteiro para ultrapassar a miséria do atual preço
do leite nos Açores e em Portugal continental”.A
associação pergunta ainda às empresas de distribuição se “estão
disponíveis para atualizar com urgência o preço do leite e produtos
lácteos aos seus fornecedores”, à indústria se está disposta a
“repercutir esse aumento às cooperativas e produtores” e às
cooperativas, uniões de cooperativas e empresas privadas se admitem
“reduzir os seus custos de administração e passar mais valor para o
produtor”.Manifestando o seu “interesse e
disponibilidade para reunir com todos os envolvidos no sentido de
encontrar soluções urgentes para a atual crise”, a Aprolep alerta para o
risco de “aumentarem ainda mais as dívidas, as falências, o abandono da
produção e a revolta dos produtores” de leite.