Autor: Lusa
“O produto nós já temos, de excelente qualidade. Os transportes estão a limitar o nosso potencial de produção e o aumento de produção por causa do escoamento. Os transportes da maneira que estão não nos permitem escoar fruta em tempo útil”, afirmou à agência Lusa Ricardo Melo, da Agromariensecoop - Cooperativa de Produtos Agropecuários da Ilha de Santa Maria.
O responsável adiantou que têm existido “vários constrangimentos” nos transportes marítimos, uma situação que limita o escoamento da meloa, uma “fruta extremamente perecível e que aguenta pouco tempo no pós-colheita”.
“Há duas semanas, na semana de escala em Santa Maria, o navio que normalmente escala à quinta ou sexta-feira, escalou só no domingo, atrasou o envio da fruta. Esse atraso levou com que o cliente recebesse a fruta tardiamente, o que nos complicou a situação, tivemos uma perda total de um contentor”, exemplificou.
Segundo Ricardo Melo, quando não existe um “escoamento contínuo”, o espaço da cooperativa fica lotado, impossibilitando a receção de mais fruta.
Além destes constrangimentos, a situação agrava-se devido aos custos dos transportes já que os apoios que existem são insuficientes, de acordo com Ricardo Melo.
“Pagamos frete de Santa Maria/São Miguel, depois pagamos o frete do porta-contentores de São Miguel/Lisboa. Estamos a falar de um bolo que já chegou, em contentores de 40 pés, a ultrapassar os três mil euros. É quase incomportável”, salientou.
Ao nível dos transportes aéreos, Ricardo Melo lembrou o aumento das tarifas da SATA e destacou que apenas o avião Dash Q400 da SATA Air Açores permite escoar a meloa e que esse “muitas vezes não tem capacidade de resposta”.
“Os voos estão de tal maneira lotados que o ano passado, por exemplo, conseguíamos, em termos de paletes, escoar duas paletes por cada Dash Q400 e, neste momento, estamos a escoar uma”, lamentou.
A produção de meloa de Santa Maria este ano deverá ser inferior à do ano passado quando foi atingido um “máximo histórico”.
“A produção este ano provavelmente será inferior à produção do ano passado. O ano passado atingimos um máximo histórico de produção de cerca de 125 toneladas, o tempo o ano passado foi excecional para este tipo de cultura”, recordou.
Em 2025, acrescentou, as “condições climatéricas não estão a ser ideais” e, até ao momento, foram entregues cerca de 35 toneladas de meloa na cooperativa.
De qualquer forma, a cooperativa espera “recuperar já durante agosto”, prevendo um “aumento significativo da qualidade” e estimando a entrega de 40 a 50 toneladas até ao final do mês e de outras 30 a 40 toneladas em setembro, disse o engenheiro.
“O ano passado o tempo foi quente e seco, o que para este tipo de produto é o ideal. Já este ano, ventos e chuvas no início da cultura, limitaram e atrasaram a produção, além de diminuir o potencial de cultivo. Esperamos recuperar agora”, afirmou.
Desde 2015 que a meloa cultivada na ilha açoriana de Santa Maria foi classificada com IGP pela Comissão Europeia.
Reconhecida
pelo elevado teor de vitamina C, muito superior à média das meloas
comuns, a meloa de Santa Maria, produzida ao ar livre em solos ricos em
potássio, está habitualmente no mercado entre julho e setembro.