Produtores alertam que transportes estão a limitar produção da meloa de Santa Maria
7 de ago. de 2025, 16:41
— Lusa
“O
produto nós já temos, de excelente qualidade. Os transportes estão a
limitar o nosso potencial de produção e o aumento de produção por causa
do escoamento. Os transportes da maneira que estão não nos permitem
escoar fruta em tempo útil”, afirmou à agência Lusa Ricardo Melo, da
Agromariensecoop - Cooperativa de Produtos Agropecuários da Ilha de
Santa Maria.O responsável adiantou que têm
existido “vários constrangimentos” nos transportes marítimos, uma
situação que limita o escoamento da meloa, uma “fruta extremamente
perecível e que aguenta pouco tempo no pós-colheita”.“Há
duas semanas, na semana de escala em Santa Maria, o navio que
normalmente escala à quinta ou sexta-feira, escalou só no domingo,
atrasou o envio da fruta. Esse atraso levou com que o cliente recebesse a
fruta tardiamente, o que nos complicou a situação, tivemos uma perda
total de um contentor”, exemplificou.Segundo
Ricardo Melo, quando não existe um “escoamento contínuo”, o espaço da
cooperativa fica lotado, impossibilitando a receção de mais fruta.Além
destes constrangimentos, a situação agrava-se devido aos custos dos
transportes já que os apoios que existem são insuficientes, de acordo
com Ricardo Melo.“Pagamos frete de Santa
Maria/São Miguel, depois pagamos o frete do porta-contentores de São
Miguel/Lisboa. Estamos a falar de um bolo que já chegou, em contentores
de 40 pés, a ultrapassar os três mil euros. É quase incomportável”,
salientou.Ao nível dos transportes aéreos,
Ricardo Melo lembrou o aumento das tarifas da SATA e destacou que
apenas o avião Dash Q400 da SATA Air Açores permite escoar a meloa e que
esse “muitas vezes não tem capacidade de resposta”.“Os
voos estão de tal maneira lotados que o ano passado, por exemplo,
conseguíamos, em termos de paletes, escoar duas paletes por cada Dash
Q400 e, neste momento, estamos a escoar uma”, lamentou.A produção de meloa de Santa Maria este ano deverá ser inferior à do ano passado quando foi atingido um “máximo histórico”.“A
produção este ano provavelmente será inferior à produção do ano
passado. O ano passado atingimos um máximo histórico de produção de
cerca de 125 toneladas, o tempo o ano passado foi excecional para este
tipo de cultura”, recordou.Em 2025,
acrescentou, as “condições climatéricas não estão a ser ideais” e, até
ao momento, foram entregues cerca de 35 toneladas de meloa na
cooperativa.De qualquer forma, a
cooperativa espera “recuperar já durante agosto”, prevendo um “aumento
significativo da qualidade” e estimando a entrega de 40 a 50 toneladas
até ao final do mês e de outras 30 a 40 toneladas em setembro, disse o
engenheiro.“O ano passado o tempo foi
quente e seco, o que para este tipo de produto é o ideal. Já este ano,
ventos e chuvas no início da cultura, limitaram e atrasaram a produção,
além de diminuir o potencial de cultivo. Esperamos recuperar agora”,
afirmou.Desde 2015 que a meloa cultivada na ilha açoriana de Santa Maria foi classificada com IGP pela Comissão Europeia.Reconhecida
pelo elevado teor de vitamina C, muito superior à média das meloas
comuns, a meloa de Santa Maria, produzida ao ar livre em solos ricos em
potássio, está habitualmente no mercado entre julho e setembro.