Produtoras de tabaco alertam para medidas da OMS que ameaçam o setor
14 de out. de 2025, 15:36
— Lusa/AO Online
As produtoras portuguesas de tabaco alertam que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) está a preparar medidas que podem ameaçar a
sustentabilidade de “milhares de pequenas empresas” da cadeia de valor
do tabaco e favorecer o “comércio ilícito”.Em declarações à Lusa a
propósito da 11.ª Conferência das Partes (COP11) da Convenção Quadro da
OMS para o Controlo do Tabaco (CQCT), que decorre de 17 a 22 de novembro
em Genebra (Suíça), fonte oficial da Tabaqueira afirmou que, “se todas
as medidas apresentadas forem aceites, podem colocar em causa a
sustentabilidade de milhares de pequenas empresas que integram a cadeia
de valor deste setor, bem como potenciar condições favoráveis ao
comércio ilícito e perdas de receitas fiscais”.Com o objetivo de
reduzir drasticamente o consumo de tabaco, a OMS vai levar diversas
medidas à COP11, entre as quais a redução dos pontos de venda de tabaco,
a proibição de incentivos a retalhistas e o fim da venda comercial de
produtos de tabaco, nomeadamente em papelarias, quiosques, lojas de
conveniência ou bombas de gasolina. Aguardando “com expectativa” a
posição que Portugal e a União Europeia (UE) vão tomar na COP11, a
Tabaqueira defende ser “essencial” um “consenso que assegure uma
abordagem equilibrada que respeite as especificidades nacionais,
mantenha a coerência com as diretivas europeias e salvaguarde a
soberania e competências dos Estados-membros em áreas como a saúde,
fiscalidade e política económica”.Também o presidente do Conselho de
Administração da Fábrica de Tabaco Micaelense, Mário Fortuna, está
“preocupado com esta evolução”, considerando que “algumas das propostas
que vão ser discutidas nesta reunião têm um alcance demasiado arrojado
e, também, perigoso para a sobrevivência da indústria”. “São medidas que
ameaçam a sustentabilidade [das empresas] e têm algum exagero, como é o
caso de sugerir-se que a venda comercial seja feita por instituições
sem fins lucrativos, o que é, no nosso entender, incompreensível”,
afirmou em declarações à Lusa.Sustentando que “há medidas que são
exageradas” e outras “que não estão devidamente fundamentadas em base
científica”, Mário Fortuna defende que há que ter “em linha de conta não
só a evidência científica da eficácia” das propostas, como também as
consequências de algumas delas”.“Porque, no final, se as medidas
foram demasiado apertadas, vão favorecer o comércio ilícito, que não
aproveita ninguém, porque cria atividades paralelas e ilegais, leva à
perda de receita e, em muitas circunstâncias, à perda de controlo por
parte das autoridades sobre a própria qualidade dos produtos e a
segurança para as populações”, enfatizou.