Produção de cocaína bate recorde de 2,7 mil toneladas em 2022
26 de jun. de 2024, 10:49
— Lusa
O relatório inclui capítulos
especiais sobre o impacto da proibição da produção de ópio no
Afeganistão, sobre drogas sintéticas e outros tipos, os impactos da
legalização da canábis e do “renascimento” do consumo de substâncias
psicadélicas, o direito à saúde em relação ao uso de drogas e como o
tráfico de drogas no Triângulo Dourado (Tailândia, Mianmar e Laos,
juntamente com o Afeganistão) está ligado a outras atividades ilícitas e
as suas consequências.O documento
divulgado em Viena adianta que o cultivo global de arbustos de coca
aumentou 12% entre 2021 e 2022, para 355.000 hectares.O
aumento prolongado da oferta e da procura de cocaína coincidiu com o
crescimento da violência em estados ao longo da cadeia de abastecimento,
nomeadamente no Equador e nos países das Caraíbas, e um aumento dos
danos para a saúde nos países de destino, incluindo na Europa Ocidental e
Central.No que se refere à legalização da
canábis em alguns países, o relatório aponta que em janeiro de 2024, o
Canadá, o Uruguai e 27 jurisdições nos Estados Unidos tinham legalizado a
produção e venda desta substância para uso não médico, enquanto uma
variedade de abordagens legislativas surgiram noutras partes do mundo.O
documento nota que “nestas jurisdições das Américas, o processo parece
ter acelerado o uso nocivo da droga e levado a uma diversificação de
produtos de canábis, muitos deles com elevado teor de THC (potência)”. As
hospitalizações relacionadas com distúrbios devido ao consumo de
canábis e a proporção de pessoas com distúrbios psiquiátricos e
tentativas de suicídio associadas ao uso regular aumentaram no Canadá e
nos Estados Unidos, especialmente entre adultos jovens.A canábis continua a ser a droga mais consumida em todo o mundo, sobretudo na faixa etária entre os 15 e os 64 anos.O
relatório dá conta também do “renascimento” do acesso e uso de
substâncias psicadélicas, destacando que embora o interesse no uso
terapêutico destas drogas tenha continuado a crescer no tratamento de
alguns distúrbios de saúde mental, a investigação clínica ainda não
resultou em quaisquer diretrizes científicas padrão para uso médico.No
entanto, no âmbito do “renascimento psicadélico” mais amplo, os
movimentos populares estão a contribuir para o florescimento do
interesse comercial e para a criação de um ambiente propício que
incentiva o amplo acesso ao uso não supervisionado, “quase terapêutico” e
não médico de substâncias psicadélicas. Estes
movimentos têm o potencial de ultrapassar as evidências terapêuticas
científicas e o desenvolvimento de diretrizes para o uso médico de
substâncias psicadélicas, comprometendo potencialmente os objetivos de
saúde pública e aumentando os riscos para a saúde associados ao uso não
supervisionado destas substâncias.No que
se refere às implicações da proibição pelo Governo afegão da produção do
ópio no Afeganistão, a diminuição drástica da produção em 2023 (em 95%
face a 2022) e um aumento na produção em Mianmar (em 36%), a produção
global de ópio caiu 74% no ano passado.O
documento conclui que “a dramática contração” da produção do opiáceo
afegão mercado tornou os agricultores afegãos mais pobres e alguns
traficantes mais ricos. Esta situação
poderá ter implicações a longo prazo, incluindo a pureza da heroína, uma
mudança para outros opiáceos ou um aumento na procura de serviços de
tratamento de opiáceos poderão em breve ser sentidos nos países de
trânsito e de destino das drogas afegãs.O
documento da UNODC destaca ainda que os países têm de consagrar o
direito a serviços de saúde e tratamento pelos consumidores de drogas,
direito humano reconhecido internacionalmente, independentemente do
estado de consumo de drogas ou de a pessoa estar presa ou em liberdade e
às suas famílias.