Procurador-geral anuncia investigação criminal contra González e Machado
Venezuela
6 de ago. de 2024, 11:51
— Lusa/AO Online
O
anúncio acontece após Corina Machado e González Urrutia terem apelado
aos policias e militares que parem com a "repressão", pela qual
responsabilizam o Presidente Nicolás Maduro.Em
comunicado, o procurador-geral, Tarek William Saab, disse que serão
iniciadas investigações face a este "incitamento aberto" às tropas para
"desobedecerem às leis", uma vez que os líderes da oposição pediram à
polícia e militares "para respeitarem" os resultados das eleições de 28
de julho que, alegam, dão González Urrutia como vencedor e não Maduro,
como anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). "Na
referida declaração há indícios da suposta prática dos crimes de
usurpação de funções, difusão de informações falsas para causar
inquietação, instigação à desobediência às leis, instigação à
insurreição, associação para cometer um crime e conspiração", diz o
documento, publicado pelo procurador.Machado
e González Urrutia agem, segundo o procurador-geral, "à margem da
Constituição e da lei" ao falar de um vencedor que não seja Maduro nas
eleições, neste "documento ilegal".O texto
em causa reitera a denúncia de fraude eleitoral feita pela principal
coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unida (PUD), a sucessiva
"repressão" dos protestos contra a proclamação do líder chavista,
questionada por grande parte da comunidade internacional."Apelamos
à consciência dos militares e da polícia para que se coloquem ao lado
do povo e das suas próprias famílias (…). Podem e devem parar
imediatamente com estas ações. Pedimos-vos que impeçam a violência do
regime contra o povo e que respeitem e imponham o respeito pelos
resultados eleitorais", lê-se no comunicado.Os
opositores insistem que Maduro "se recusa a reconhecer que foi
derrotado" - como afirmam os Estados Unidos, a Argentina e outros países
- e, perante os protestos à sua proclamação, "lançou uma ofensiva
brutal contra líderes democráticos, testemunhas (eleitorais) e até
contra cidadãos comuns, com o objetivo absurdo de tentar esconder a
verdade"."Com esta violação maciça dos
direitos humanos, o alto comando (militar) alinha-se com Maduro e os
seus vis interesses (…). Maduro lançou um golpe de Estado que vai contra
toda a ordem constitucional e quer torná-los [os militares que não
pertencem ao alto comando] seus cúmplices", prossegue o comunicado.Embora
o órgão eleitoral não tenha publicado os relatórios eleitorais que
certificam a vitória de Maduro, conforme exigido por lei, a PUD divulgou
81% desses documentos que mostram, de acordo com os partidários
anti-Chávez, que González Urrutia venceu por uma ampla margem,
provocando protestos no país que já causaram 13 mortos e mais de 2.000
presos.