Autor: Lusa/AO Online
“Vamos
provar sem sombra de dúvida que o senhor Chauvin está longe de ser
inocente”, disse Jerry Blackwell, advogado da entidade equivalente ao
Ministério Público, na sessão de abertura do julgamento sobre do
assassínio de George Floyd, que morreu asfixiado quando se encontrava
sob escolta policial, em Minneapolis, em maio de 2020.
A
acusação mostrou um vídeo gravado por transeuntes e divulgado nas redes
sociais, que mostrou imagens de George Floyd a ser retirado do carro
onde seguia sem resistir à polícia e, depois, um polícia a colocar o
joelho no pescoço do detido e a pressioná-lo durante cerca de nove
minutos, com o afro-americano a dizer que não consegue respirar, até
ficar inconsciente.
As imagens deste vídeo -
que se tornou viral nas redes sociais e se espalhou pelos meios de
comunicação de todo o planeta – serão uma das provas essenciais da
acusação contra Derek Chauvin, que é acusado de homicídio e homicídio
agravado.
Na sua intervenção inicial, Jerry
Blackwell admitiu que a polícia “faz um trabalho difícil e, às vezes,
tem de tomar decisões numa fração de segundo”, mas explicou que “este
não foi um desses casos”.
“Este caso durou
479 segundos. Não foi uma fração de segundo”, disse o procurador,
alegando que Chauvin “traiu o seu juramento profissional” e que usou
“força excessiva e irracional”, provocando a morte do afro-americano.
O
julgamento ocorre sem audiência, devido à pandemia de covid-19, mas as
sessões serão transmitidas ao vivo e é esperado que sejam seguidas
através da televisão por muitos milhares de norte-americanos.
O
veredito é esperado para o final de abril ou início de maio, sendo que
os 12 jurados terão de decidir por unanimidade, sob pena de o julgamento
ser considerado nulo.
A possibilidade de
nulidade do julgamento ou de absolvição do acusado poderá desencadear
novos tumultos em Minneapolis, à semelhança do que já aconteceu no final
de maio do ano passado.
Os processos
contra polícias por violência exercida no cumprimento das suas funções
são muito raros, mas as condenações são mais invulgares ainda.
A
câmara municipal de Minneapolis, que decidiu levar a cabo uma reforma
profunda da polícia, aceitou, em meados de março, em pagar cerca de 23
milhões de euros por danos à família de George Floyd, como forma de
fechar uma reclamação civil.
O advogado de Derek Chauvin criticou o acordo, que, segundo afirmou, pode influenciar os jurados.
Os
outros três polícias envolvidos no caso - Alexander Kueng, Thomas Lane e
Tou Thao – só serão julgados por “cumplicidade no homicídio” em agosto,
também devido à covid-19.