Procriação medicamente assistida 'post mortem' debatida e votada sexta-feira na AR
22 de out. de 2020, 11:43
— Lusa/AO Online
A
Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) para consagrar a inseminação
‘post mortem’ na lei da Procriação Medicamente Assistida (PMA)foi
promovida em fevereiro por Ângela Ferreira, que pretende ver discutida
no parlamento “a inseminação artificial com sémen de conjugue já
falecido”.“Afigura-se de extrema crueldade
e discriminação que uma mulher que inicie um processo de PMA, durante a
doença do seu marido ou companheiro, tendo crio-preservado o seu sémen e
com consentimento prévio assinado, não possa dar continuidade ao desejo
do casal e a um projeto de vida ponderado cuidadosamente e
conjuntamente”, refere o projeto de lei.No
entanto, adianta, “esta mulher poderá recorrer a material genético de
dador desconhecido, que pode estar vivo ou morto, porque se por um lado
não existe qualquer mecanismo de controle para aferir da sobrevida
daquela pessoa, por outro lado todos os dados referentes a dadores são
confidenciais, sendo assim esta medida contraditória e desajustada”.Para
os signatários da ILC - que permite que grupos de cidadãos eleitores
possam apresentar projetos de lei e participar no procedimento
legislativo - a legislação em vigor é “desajustada” e propõe uma nova
redação.Além do projeto da iniciativa
legislativa de cidadãos, os deputados vão debater e votar projetos de
lei do PS e do BE no sentido de admitir o alargamento do recurso a
técnicas de PMA, através da inseminação com sémen após a morte do dador,
nos casos de projetos parentais expressamente consentidos, e um diploma
do PCP que determina as circunstâncias em que é permitida a inseminação
‘post mortem’.Serão
ainda debatidos e votados projetos de lei do Bloco de Esquerda e do
Pessoas-Animais-Natureza (PAN) de alteração ao regime jurídico da
gestação de substituição e do CDS para aumentar de três para cinco
ciclos de tratamentos de segunda linha de Procriação Medicamente
Assistida, comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde. Em
19 de julho de 2019, a Assembleia da República aprovou em votação final
global a alteração ao regime jurídico da gestação de substituição, mas
que não incluiu a revogabilidade do consentimento da gestante até ao
nascimento da criança imposta pelo Tribunal Constitucional (TC).O
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, requereu a 26 de
agosto ao TC a fiscalização preventiva do diploma sobre a PMA e a 19 de
setembro vetou a alteração à lei relativa à procriação medicamente
assistida, em consequência de o Tribunal Constitucional ter declarado
inconstitucionais duas normas de alteração à legislação.