Processo de vagas para internato deve ser informatizado e ser claro
28 de jul. de 2020, 17:35
— Lusa/AO Online
Segundo as conclusões e recomendações
do documento elaborado pela consultora Deloitte, ao qual a Lusa teve
acesso e que analisa o processo de atribuição de idoneidades e
capacidades formativas para a formação especializada do internato
médico, “deverá ser implementada uma base de dados ou sistema
informático de suporte ao processo, que permita o reporte, tratamento e
análise dos dados relevantes”.O bastonário
da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, lembrou que um levantamento
independente sobre as condições de formação médica especializada em
Portugal “nunca tinha sido feito” e referiu que uma evolução da atual
situação nesta matéria poderá ser imediatamente alcançada com um reforço
do cumprimento dos prazos pelos diferentes agentes, nomeadamente as
unidades de saúde.“Temos um organigrama
perfeitamente definido com os prazos. Por exemplo, o prazo para receber a
resposta aos inquéritos de idoneidade, ou seja, os pedidos dos
hospitais e dos centros de saúde seria até 15 de março, mas quase 50%
não cumprem. Não há uma forte recomendação da Ordem dos Médicos e do
Ministério da Saúde neste sentido”, admitiu.Reconhecendo
o “atraso crónico” num processo que, “literalmente, continua a ser
feito à mão”, Miguel Guimarães assumiu que a Ordem dos Médicos pode dar
esse passo rumo à informatização, mas salientou que a base informática
deve estar no Ministério liderado por Marta Temido, enquanto “último
responsável pela formação médica em Portugal”.Outra
das conclusões da auditoria incidiu sobre a existência de abordagens
distintas na atribuição de capacidades formativas por parte dos colégios
de especialidade, com as metodologias a revelarem, “por vezes, um
elevado grau de informalidade e julgamento” e uma impossibilidade de
critérios totalmente objetivos. Confrontado com essa leitura, Miguel
Guimarães defendeu mudanças para o futuro próximo.“É
possível existir alguma uniformização, mas não uma uniformização
completa, porque os critérios de idoneidade variam de colégio para
colégio. Os critérios gerais devem ser uniformizados e vamos insistir
nisso. Este é um processo dinâmico e vai avançar. Não fiz a auditoria
para ficar tudo na mesma”, comentou, concluindo: “Temos todas as
condições para melhorar o processo formativo e a capacidade de ter mais
pessoas a fazer a especialidade”.Em 2019,
segundo a auditoria, foram pedidas 1.862 capacidades das diferentes
especialidades pelas instituições de saúde, sendo que a Ordem atribuiu
1.833 capacidades e o Ministério da Saúde concedeu um total de 1.830
vagas.