Problemas nas 'low-cost' deixam dúvidas sobre necessidade de reajustamento
28 de out. de 2017, 10:20
— Lusa/AO Online
Para a responsável das pastas da Energia, Ambiente e Turismo dos Açores, Marta Guerreiro, "é evidente o contributo que as 'low-cost' vieram dar para o crescimento do turismo dos Açores",
destacando a governante um indicador que considera relevante, o aumento
do número de dormidas: 25,8% em 2015 e 26,3% no ano seguinte. Marta
Guerreiro salientou que neste contributo pesou não apenas o novo modelo
de acessibilidades aéreas no arquipélago, mas igualmente o crescimento
do setor em Portugal e noutras partes do mundo. "Este
crescimento também teve resposta na SATA [transportadora aérea açoriana]
e TAP", salientou a governante, considerando que os acontecimentos
recentes envolvendo 'low-cost' "dão sinais de fragilidade e colocam
dúvidas" face à eventualidade de este "modelo ser reinventado ou
reajustado". Nesse sentido, referiu que a resposta só pode ser dada com as variáveis que estão nas mãos dos Açores, a "qualificação da oferta e a notoriedade do destino". "É
nisso que temos de estar focados", adiantou, depois de questionada pela
Lusa sobre as dificuldades registadas recentemente por companhias de
baixo custo - a Air Berlin declarou-se insolvente a 15 de agosto, a
Monarch faliu e a Ryanair suspendeu milhares de voos, por deixar de
operar 25 dos mais de 400 aviões da sua frota. A liberalização do espaço aéreo nos Açores contempla as rotas entre Ponta Delgada e Lisboa e Porto, e entre Terceira e Lisboa e Porto. O
primeiro voo de companhias aéreas de baixo custo para Ponta Delgada, na
ilha de São Miguel, ocorreu em março de 2015, para onde passaram a voar
as companhias Ryanair e easyJet. Esta última vai abandonar a rota este
mês. Já para a Terceira, o primeiro voo da Ryanair ocorreu em dezembro do ano passado. Segundo
dados da ANA - Aeroportos de Portugal, que gere o aeroporto de Ponta
Delgada, dos quase 730 mil passageiros comerciais desembarcados entre 01
de janeiro e 30 de setembro de 2017, cerca de 24 por cento viajaram em
companhias 'low cost'. A assessoria de imprensa da ANA fez saber que acompanha "com muita atenção o setor da aviação". "A totalidade das companhias aéreas, incluindo as chamadas 'low-cost', é maior do que as que operam nos Açores
e maior do que as que têm vindo a ser mencionadas recentemente nos
media", referiu, considerando que "não se devem tirar ilações sobre uma
tendência generalizada que afete as companhias 'low-cost'". Para a
ANA, trata-se "de ajustes e medidas de gestão diferentes para as
companhias que têm vindo a ser referidas, e que têm a ver exclusivamente
com os seus modelos de gestão e condições de mercado", acreditando que
"o eventual efeito nas regiões em causa será absorvido e normalizado sem
prejuízo do desenvolvimento a prazo dessas mesmas regiões".