Problema de professores sem habilitação vai agravar-se nos Açores
10 de set. de 2024, 17:12
— Lusa/AO Online
“Isto
é um problema que ainda se vai agravar nos próximos anos e que resulta
essencialmente de políticas erradas, diria quase com duas décadas”,
afirmou António Lucas.Em declarações à
agência Lusa a propósito do arranque de mais um ano letivo nos Açores, o
sindicalista disse que os “problemas antigos são os mais problemáticos”
e que “têm a ver com a falta de docentes devidamente habilitados”.O
dirigente sindical ressalvou que “a profissão deixou de ser atrativa e
os cursos de formação de professores ficaram vazios”, apesar de este ano
“haver alguns sinais de alguma retoma de alunos para estes cursos”.Mas, “a primeira fornalha sairá daqui a quatro anos” e existe nos Açores “uma classe docente muito envelhecida”, salvaguardou.António
Lucas sublinhou que este problema é “agravado com assimetrias muito
grandes na distribuição de docentes pelas ilhas”, questão que foi
sinalizada em 2019 pelo SPRA.“As crianças e
jovens das Flores, do Corvo, de Santa Maria e da Graciosa não estão
exatamente nas mesmas condições que estão os outros”, afirmou.O
sindicalista identificou como “problemas novos” do ensino nos Açores a
“incapacidade do Governo para entregar atempadamente os equipamentos
para os manuais digitais, que estão quase generalizados, com exceção do
primeiro ciclo”.Na segunda-feira, o
Governo dos Açores disse que está a fazer tudo para resolver até ao
final do mês a falta de manuais digitais e adiantou que esta semana os
equipamentos vão começar a chegar às escolas da região.Em
declarações aos jornalistas, após a inauguração da escola dos Arrifes,
em Ponta Delgada, a secretária da Educação adiantou que o Governo
Regional (PSD/CDS-PP/PPM) está em articulação com as entidades que
“fornecem os equipamentos e as licenças” dos manuais digitais, que vão
dar “primazia na resposta” às escolas dos Açores.Ainda
no âmbito das suas declarações à Lusa, António Lucas destacou, por
outro lado, que “a maior incidência dos docentes sem habilitação
profissional, e nalguns casos até sem habilitação académica, tem tido
maior incidência em contratos de substituição”, denunciado que se
“recorre sistematicamente e cada vez mais” a estes profissionais. “Receio
que, qualquer dia, o Governo Regional esteja a apresentar propostas de
alteração aos concursos para permitir na contratação centralizada essas
situações, porque, apesar de tudo, prefere-se ter um professor sem
habilitação a não ter nenhum”, afirma o sindicalista.