Privatização da Azores Airlines e do handling são processos “inegociáveis”
Hoje 09:54
— Arthur Melo
O próximo presidente do conselho de administração da SATA Holding, Tiago
Santos, afirmou que a privatização da Azores Airlines e da SATA
handling são processos sem retorno, por via dos compromissos assumidos
pelo Governo Regional dos Açores e o Governo da República com a Comissão
Europeia. “Estes compromissos têm um objetivo muito próprio. Este
tipo de planos de reestruturação tem associado uma contribuição própria e
duas destas contribuições foram a privatização da Azores Airlines e a
privatização do handling. São algo que diria é inegociável”, declarou o
atual diretor financeiro da companhia e que a partir de 1 de janeiro de
2026 assumirá a presidência da SATA Holding. Ouvido na Comissão de
Economia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores
(ALRAA), Tiago Santos deixou claro, em diversas ocasiões, que o
“desafio” do atual e do próximo conselho de administração passa por
“cumprir com o plano de reestruturação acordado com a União Europeia,
incluindo a privatização da Azores Airlines e do handling da SATA Air
Açores”, sendo que este é “um processo complexo” que tem seguido os seus
trâmites normais e naturais. Aos deputados, o sucessor de Rui
Coutinho na companhia aérea açoriana afirmou que apesar dos sinais
positivos que os resultados operacionais começam a dar, a empresa não
deverá ter resultados positivos em 2025 e em 2026, “mas vamos ficar mais
próximos”, prosseguindo desta forma o “aprofundamento do plano de
sustentabilidade financeira desenvolvido em 2024 pelo atual conselho de
administração”. Tiago Santos declarou também o seu compromisso de
“dar continuidade e otimizar o plano de exploração da Azores Airlines,
assegurando por um lado a afetação dos nossos recursos materiais e
humanos às rotas mais rentáveis e, por outro, o foco claro na nossa
missão: garantir a continuidade territorial e ligação dos Açores à
Diáspora açoriana”. Neste sentido, o futuro responsável da empresa -
que não se sente um “presidente a prazo” - avançou que no próximo ano a
operação vai assegurada por um total de nove aviões - e sem recurso a
ACMIS (aluguer de aeronaves com tripulação) -, mantendo o foco nas
ligações de e entre os Açores e o continente português e a Diáspora. “As
rotas fora da denominada ‘Missão Açores’ vão ser alvo de ajustamentos”,
acrescentou, estando em cima da mesa a possibilidade de encerrar rotas
deficitárias, como aconteceu, exemplificou, com o encerramento da rota
para Londres. Tiago Santos lembrou que “a SATA une o que o mar
separa e a SATA nasceu para servir a Região, para ligar ilhas, pessoas e
oportunidades” pelo que, asseverou, pretende “continuar a assegurar que
a SATA Air Açores continue a prestar o seu relevantíssimo serviço
público na ligação interilhas, através da adjudicação do novo contrato
de serviço público que ocorrerá algures em 2026”. A renovação da
frota interilhas foi abordada na audição que decorreu na sede da ALRAA
em Angra do Heroísmo e apesar de entender que a mesma “dispõe de
capacidade e das condições necessárias para responder às exigências da
nossa operação”, o futuro presidente da companhia declarou que a sua
renovação está a ser estudada, revelando que os Dash Q200, necessários
para assegurar as ligações aéreas para o Corvo, vão manter-se ainda ao
serviço da companhia, uma vez que o mercado da aviação civil não dispõe
de uma alternativa, o que só deverá acontecer no espaço de cinco a seis
anos.Neste sentido, estas aeronaves serão submetidas a processos de
manutenção, se possível será reforçada a frota, até que o mercado tenha
alternativas que permitam a sua substituição. Com experiências
profissionais na REN, BPI, Secretaria de Estado do Tesouro e Finanças,
Ministério da Saúde, Carris, Transtejo, Soflusa, Metro de Lisboa, Caixa
Banco de Investimento, Oitante, COBA e, desde 2024, na SATA Holding,
Tiago Santos garante que vai dar continuidade aos “investimentos
previstos nos diferentes aeródromos” da Região e promete ser uma
“garantia de estabilidade” para os trabalhadores.“São desafios
exigentes, reconheço sem reservas, mas com a determinação que o grupo
SATA nos habituou, não tenho dúvidas que seremos bem sucedidos”,
finalizou Tiago Santos.