Primeiro-ministro silencioso não foi por nenhuma querela com o Presidente
7 de set. de 2023, 06:31
— Lusa/AO Online
"O senhor
primeiro-ministro quando ficou silencioso não foi por nenhuma querela
com o Presidente da República", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em
resposta aos jornalistas, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.O
chefe de Estado mencionou que o próprio primeiro-ministro, António
Costa, já veio "desmentir notícias de hoje segundo as quais o seu
silêncio era contra o Presidente da República"."Eu
tinha lido essas notícias, tinha ficado estupefacto com elas, mas
percebo que ele tenha esclarecido que não se tratava disso", disse."Confesso,
como imaginam, que me senti melindrado por isso, por não corresponder à
visão que eu tinha do que se tinha passado", acrescentou.Em
causa está o primeiro ponto da reunião de terça-feira do Conselho de
Estado, sobre a situação política, económica e social do país, para
concluir a reunião de julho dedicada a este tema."Eu
tinha perguntado ao senhor primeiro-ministro, antes do Conselho, se
tencionava usar da palavra. Ele disse-me que não e, portanto, tendo-me
dito que não, eu naturalmente passei à minha intervenção", adiantou
Marcelo Rebelo de Sousa.O Presidente da
República enquadrou a quebra de sigilo sobre o conteúdo das reuniões
deste órgão político de consulta como "um problema que lida da
consciência dos senhores conselheiros" e admitiu "que haja quem se sinta
ofendido" com os relatos e interpretações na comunicação social.Quanto
à sua opinião sobre a situação do país que expressou no Conselho de
Estado, Marcelo Rebelo de Sousa não quis torná-la pública.Interrogado
se irá falar aos portugueses sobre a TAP, respondeu: "Neste momento não
tenciono falar desse ou de outros temas. E quando tencionar falar,
falarei".Marcelo Rebelo de Sousa
considerou que "valeu a pena" ter suscitado a análise da situação do
país no Conselho de Estado, para haver "uma troca de impressões" entre
os membros daquele órgão de consulta, "comparar opiniões e haver uma
interação".Sobre os relatos públicos do
que se passa no Conselho de Estado, o Presidente da República observou
que não é plausível "haver quem grave uma reunião do Conselho de Estado"
além dos serviços da Presidência e declarou não ser "adepto de uma
posição de dúvida sistemática sobre a honorabilidade das pessoas"."Em
democracia, quem quer que seja, em qualquer instituição, se se sente
ofendido e se sente que aquilo que é publicado não corresponde à
realidade e isso ofende um direito próprio e o prestígio de uma
determinada instituição, tem os mecanismos adequados para realmente
defender o seu ponto de vista, que é perfeitamente legítimo", referiu.Antes
de falar aos jornalistas, o chefe de Estado participou na cerimónia de
entrega do Prémio António Champalimaud de Visão 2023 ao centro
hospitalar oftalmológico de São João de Jerusalém, organização
filantrópica que presta cuidados oftalmológicos especializados em Gaza,
na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.Os antigos chefes de Estado Ramalho Eanes e Cavaco Silva também estiveram presentes nesta cerimónia.Numa
curta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o trabalho da
Fundação Champalimaud e destacou a "incansável dedicação" do seu
vice-presidente João Silveira Botelho, anunciando que o iria condecorar.