Primeiro-ministro reúne-se com o Bloco, PAN e PEV na sexta-feira em São Bento
OE2021
27 de ago. de 2020, 15:37
— Lusa/AO Online
Fonte do executivo adiantou à agência Lusa que
o PCP solicitou "um reagendamento da reunião" com o primeiro-ministro,
António Costa, e que os contactos com os comunistas "vão prosseguir ao
nível técnico".Na sexta-feira, no período
da manhã, António Costa vai receber primeiro o Bloco de Esquerda e
depois o PAN. Na parte da tarde, o líder do executivo irá reunir-se com o
PEV.No final destas reuniões, não estão
previstas nem recolha de imagens, nem declarações, tal como já aconteceu
em anteriores reuniões de António Costa com os líderes do Bloco de
Esquerda, Catarina Martins, e do PCP, Jerónimo de Sousa, em São Bento.Nestas
negociações com os parceiros parlamentares de esquerda e com o PAN
estará sobretudo em cima da mesa a aprovação do Orçamento do Estado para
2021 - uma proposta de lei do Governo enquadrada no plano de
recuperação económica.O plano de
recuperação económica, cuja base do documento foi escrita pelo gestor e
professor universitário António Costa e Silva, esteve já em discussão
pública e será entregue pelo Governo em Bruxelas até ao final da
primeira quinzena do mês de outubro.Desde
junho, o primeiro-ministro já se reuniu por três vezes com os líderes do
Bloco de Esquerda e do PCP, a primeira delas para a viabilização no
parlamento do Orçamento Suplementar para 2020 - documento em relação ao
qual os bloquistas se abstiveram (tal como o PSD e o PAN) e os
comunistas votaram contra.Em julho, já com
o Orçamento do Estado para 2021 como tema central de negociações,
António Costa reuniu-se em São Bento com Catarina Martins e Jerónimo de
Sousa por duas vezes - encontros que tiveram lugar antes e depois do
debate parlamentar sobre o estado da nação de 24 de julho passado.Nesse
debate, logo na sua intervenção inicial, o primeiro-ministro frisou que
Portugal precisa de uma base de entendimento política sólida,
considerando que essa condição é indispensável, sobretudo perante a
atual crise pandémica, e rejeitando "competições de descolagem" entre
partidos e "calculismos" eleitorais."Precisamos
de uma base de entendimento sólida e duradoura. Se foi possível antes,
certamente terá de ser possível agora. Se foi útil antes, revela-se
indispensável agora, ante o desafio de vencer uma crise pandémica com
aquela que nos assola", justificou o líder do executivo, numa mensagem
dirigida ao Bloco de Esquerda, PCP e PEV.António
Costa reiterou depois a tese de que "a resposta à crise não passa pela
austeridade ou por qualquer retrocesso nos progressos alcançados nos
últimos cinco anos". "É com os partidos
que connosco viraram a página da austeridade que queremos prosseguir o
caminho iniciado em 2015. E, para esse efeito, necessitamos de um quadro
de estabilidade no horizonte da legislatura", acentuou.Neste
contexto, António Costa deixou também aos partidos à esquerda do PS uma
advertência: "A magnitude da tarefa que temos em mãos não se compadece
com acordos de curto prazo, nem com táticas de vistas curtas, baseadas
em despiques de popularidade, competições de descolagem ou exercícios de
calculismo eleitoral"."Ninguém espere deste Governo qualquer contributo para uma crise política", acrescentou.Por
sua vez, pela parte do Bloco de Esquerda, Catarina Martins tem colocado
como ponto central das negociações a revisão das leis laborais,
exigindo, ainda, que o Governo "cumpra" matérias acordadas em anteriores
orçamentos.Já em relação ao PCP, apesar
de ter votado contra o Orçamento Suplementar para 2020, manifestou-se
disponível para negociar com o Governo a proposta orçamental para o
próximo ano. Os comunistas dão igualmente prioridade às leis laborais e
reclamam avanços salariais em 2021.