Autor: Lusa/AO Online
"A nossa intenção foi e é sempre de termos o maior consenso possível, e creio que não será difícil, dadas as posições conhecidas por parte dos principais partidos políticos portugueses, para podermos conjugar a nossa política de segurança e defesa com o interesse estratégico que este novo tempo pode trazer também para a dinamização da nossa economia", afirmou.
Luís Montenegro falava aos jornalistas no final da cerimónia de inauguração do novo Hospital de Sintra, depois de questionado sobre o desafiou que lhe foi lançado pelo secretário-geral do PS para negociar uma proposta de "Acordo Estratégico para um Plano de Desenvolvimento Nacional e de Capacitação da Defesa".
A audiência pedida por José Luís Carneiro "será marcada, naturalmente", afirmou, referindo que o Governo vai "falar com todos os partidos políticos, mas de uma forma particular com os dois principais partidos da oposição", nomeadamente PS e Chega.
Luís Montenegro recusou "discutir metodologias" neste momento e salientou que "o que interessa mesmo é que Portugal assuma os seus compromissos e os possa cumprir, coisa que infelizmente não aconteceu na última década".
"Nós estamos empenhados em fazê-lo, nós assumimos esse compromisso no contexto internacional e da nossa aliança atlântica e obviamente que é com espírito positivo que nós encaramos a disponibilidade dos principais partidos da oposição em poder cooperar com o Governo, seja de forma direta com o Governo, seja também no contexto parlamentar, sobretudo quando houver iniciativas que passam no parlamento", afirmou.
O primeiro-ministro assinalou que o Governo já tem “um plano de investimentos que já está pré-determinado, que é a Lei de Programação Militar, mas que naturalmente tem de ser agora integrado nestes novos objetivos, quer para 2025, quer para os anos seguintes”.
O secretário-geral do PS desafiou o primeiro-ministro a negociar com os socialistas uma proposta de "Acordo Estratégico para um Plano de Desenvolvimento Nacional e de Capacitação da Defesa" no prazo de três meses.
Segundo escreve o jornal Público, que cita uma carta enviada na sexta-feira a Luís Montenegro, o socialista pede uma audiência formal para dar início a esse entendimento e critica o anúncio surpresa de Portugal na Cimeira da NATO sobre o aumento do investimento em Defesa para 2% do PIB este ano e 5% até 2035.
Carneiro defende que decisões desta dimensão exigem consenso político alargado e propõe a constituição de um grupo de trabalho parlamentar conjunto PSD/PS que, em articulação com o Governo e com representantes "dos setores com relevância para a matéria em apreço", possa apresentar, no prazo de três meses, uma proposta de Acordo Estratégico para um Plano de Desenvolvimento Nacional e de Capacitação da Defesa.
Na carta, o secretário-geral do PS escreve que tal consenso "deverá assentar em princípios estruturantes, orientações estratégicas partilhadas e num conjunto de medidas concretas", que envolvam os setores da indústria, da ciência, da inovação, da educação e da administração pública.
Na última cimeira da NATO, realizada em Haia, no fim de junho, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, declarou que Portugal terá de reforçar em cerca de mil milhões de euros a verba para a área da Defesa até ao fim do ano para atingir os 2% do PIB e que isso será feito através de "valorização de recursos humanos", com antecipação de algumas metas da Lei de Programação Militar e investimento em infraestruturas.
Nessa
cimeira, os aliados comprometeram-se a investir 5% do PIB até 2035 em
despesas militares, dos quais 3,5% com despesas puramente relacionadas
com Defesa e 1,5% adicionais noutros investimentos como infraestruturas e
indústria.