Primeiro-ministro diz que não deixará situação orçamental “sem resposta”
França
17 de dez. de 2024, 16:00
— Lusa/AO Online
“Não vou
deixar a situação orçamental sem resposta”, disse Bayrou, referindo que
quer encontrar apoio entre os socialistas, em resposta ao presidente do
Partido Socialista, Boris Vallaud, que questionou se este respeitaria a
“frente republicana” ao “rejeitar as ideias da União Nacional” (RN,
extrema-direita).A deputada do RN, Laure
Lavalette, tinha pedido antes a François Bayrou, de 73 anos, que
definisse as suas prioridades políticas face às “urgências que se
acumulam”, apelando a uma “lei agrícola de emergência” antes do final do
ano e a medidas sobre a imigração.“Não
deixarei nada por resolver e sem resposta. Tentarei resolver todos os
problemas que referiu e que estão ligados às divisões da sociedade
francesa" e "em diálogo com cada um dos grupos políticos". "Tentarei
resolvê-los tendo em conta todos os que se sentam nestas bancadas”,
assegurou Bayrou, reiterando o seu compromisso de oferecer a todos “um
tratamento justo”.O
primeiro-ministro afirmou que “a questão das finanças públicas não é
apenas uma questão financeira ou económica, é uma questão moral”,
defendendo que o país não pode “contrair empréstimos às custas das
gerações futuras”.Por essa razão,
considera que “é necessário fazer economias”, mencionando uma situação
de “corresponsabilidade” e do objetivo de “gastar menos para agir
melhor”.Questionado pelo ex-ministro do
Interior macronista, Gérald Darmanin, sobre a situação no território
ultramarino francês de Mayotte, devastado no sábado pelo ciclone Chido,
Bayrou falou de um “balanço incerto”, com “cerca de vinte mortos, 200
feridos graves e 1.500 feridos em situação de emergência”, mas “que pode
aumentar”.“O Governo vai lançar um
concurso para projetos de habitações muito rápidas, pré-fabricadas (...)
e baratas” para ajudar à reconstrução do território”, anunciou.Numa
altura em que Bayrou é criticado por todos os grupos políticos por
querem acumular dois mandatos e ter optado por ir na segunda-feira a um
conselho municipal em Pau, onde é presidente da câmara, a líder da
França Insubmissa (LFI, esquerda radical), Mathilde Panot, queixou-se de
“subinvestimento crónico”.“Não devia ter
ido a Pau para manter um mandato, mas sim à reunião de crise do Eliseu
para assumir o seu novo papel”, afirmou a deputada, denunciando o
“desprezo” do primeiro-ministro pelo arquipélago do oceano Índico.O
primeiro-ministro recusou “separar a vida da província do círculo de
poderes em Paris”, defendendo a sua presença na câmara municipal de Pau,
onde participou por videoconferência na reunião de crise sobre Mayotte
com o Presidente Emmanuel Macron, que se deslocará ao território nos
próximos dias.Enquanto Bayrou se limitou
hoje a responder a uma pergunta de cada grupo político, no dia 14 de
janeiro está prevista a sua declaração de política geral na Assembleia
Nacional, muito fragmentada e sem maioria, segundo a agência
France-Presse.François Bayrou prossegue
ainda com reuniões com as forças políticas para a formação de um
Governo, tendo estado com o Presidente francês, Emmanuel Macron, que o
nomeou para o cargo no dia 13 de dezembro, para discutir uma
“arquitetura de arranque” para o futuro executivo.