Primeiro-ministro de Itália apresenta plano de recuperação de 222.100 M€
26 de abr. de 2021, 16:58
— Lusa/AO Online
Após vários dias de negociações e
de tensões entre a maioria governamental em relação aos “ajustes
nalgumas contrapartidas”, o plano de Mario Draghi ultrapassa em 600
milhões de euros o inicialmente previsto e que servirá para que Itália
possa sair da crise pandémica e gerar crescimento económico, após vários
anos de estagnação.“É um documento que
está ligado ao nosso futuro. Chegou a hora de realizar todos os
projetos, depois dos atrasos e das divisões que irão pesar nas nossas
vidas, e sobretudo nas dos nossos filhos e netos. Ou é agora ou talvez
não tenhamos tempo para remediar mais tarde”, disse Draghi numa
declaração no Parlamento.Segundo Draghi,
com o plano de relançamento, que será apresentado em Bruxelas antes de
sexta-feira, Itália joga o seu “destino” e a sua “credibilidade”“Com
o plano se verá a medida de qual será o seu papel perante a comunidade
internacional, a sua credibilidade e a sua reputação de fundador da
União Europeia e protagonista do mundo ocidental”, sublinhou o chefe do
executivo de Roma.O plano tem três
objetivos principais, o primeiro dos quais, a curto prazo, é "reparar os
danos económicos e sociais” provocados pela pandemia de covid-19,
continuou Draghi.“A pandemia atingiu-nos
com mais força do que aos nossos vizinhos. Atingimos quase 120.000
mortes de covid-19, a que devem ser acrescentadas muitas pessoas não
contabilizadas”, realçou.Nos primeiros meses da epidemia houve muitas mortes que não foram contabilizadas porque ocorreram principalmente em casa. Draghi lamentou o facto de o impacto da pandemia ter sido sentido “sobretudo entre as camadas mais vulneráveis da população”. O
plano será financiado com 191.500 milhões de euros oriundos do FER, com
os restantes 30.600 milhões de euros a serem avançados com recursos
próprios até 2026, provenientes de uma alteração orçamental aprovada
pelo Parlamento italiano na semana passada, no valor de 40.000 milhões
de euros.Esse valor, defendem as
autoridades italianas, destina-se a apoiar imediatamente as empresas e
famílias mais penalizadas pela pandemia.As
aéreas de investimento são seis, estando destinados 68.600 milhões de
euros para a transição ecológica (59.300 milhões de euros provenientes
do FER), enquanto para a da digitalização serão afetados 49.200 milhões
de euros (40.700 milhões) e para a educação 31.900 milhões (30.900
milhões).Os investimentos nas
infraestruturas estão dotados com 31.400 milhões de euros (25.000
milhões do FER), a inclusão e a coesão social contarão com 22.400
milhões de euros (19.800 milhões) e a saúde com 18.500 milhões de euros
(15.600 milhões).Com o pacote de reformas e
de investimentos, o executivo de Draghi espera que o Produto Interno
Bruto (PIB) de Itália cresça 3,6 pontos percentuais sobre o cenário base
para 2026.A Itália é o principal
beneficiário do plano de recuperação europeu de 750 mil milhões de
euros, com 191,5 mil milhões de euros em empréstimos e subsídios. A
este montante junta-se um fundo adicional de 30.600 milhões de euros
programados por Itália ao longo de seis anos, de 2021 a 2026. O
plano recebeu luz verde no sábado, após uma reunião entre Mario Draghi e
a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, de acordo com
um porta-voz do governo. O impacto da
pandemia na economia italiana foi severo no ano passado, com o PIB a
cair 8,9%, a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.