Primeiro-ministro considera acontecimentos inadmissíveis e defende João Galamba
2 de mai. de 2023, 08:22
— Lusa/AO Online
Comentando
pela primeira vez o caso que envolve o ministro João Galamba e o seu
ex-adjunto, Frederico Pinheiro, António Costa considerou que o que se
passou “nem a título de exceção é admissível” e que não é o padrão nem a
regra de funcionamento de nenhum Governo.Em
entrevista na RTP3, o primeiro-ministro acrescentou no entanto que não
falava do comportamento de João Galamba “porque é obviamente legítimo
que um ministro demita um colaborador em quem perdeu confiança”.“É
muito claro para mim que o ministro não escondeu nem pretendeu esconder
qualquer documento da comissão parlamentar de inquérito (sobre a TAP) e
entregou à comissão parlamentar de inquérito os documentos que estavam
em causa. Acho normal que, perante o roubo de um computador que tem
documentos classificados, haja um alerta e que as autoridades atuem em
conformidade”, disse António Costa.O chefe
do Governo garantiu que não foi informado do envolvimento do Serviço de
Informação e Segurança (SIS) na recuperação do computador e que ninguém
do Governo deu ordens aos serviços de informação para fazerem o que
quer que fosse.“O SIS não foi chamado a
intervir. Há um roubo de um computador que tem documentação
classificada, o gabinete do ministro fez o que lhe competia fazer, dar o
alerta às autoridades e as autoridades agiram em conformidade. Não fui
informado e não tinha de o ser, ninguém no Governo deu ordens ao SIS
para fazer isto ou aquilo, o SIS agiu em função do alerta que recebeu e
no quadro das suas competências legais”, disse António Costa.Frisando
que não houve qualquer ordem ao SIS, nem a partir de S. Bento nem de
qualquer membro do Governo, o primeiro-ministro acrescentou que houve
sim um comportamento que lhe parece adequado, que foi o de, “perante um
roubo de um computador”, ser dado um alerta e, em função desse alerta,
as autoridades atuarem.O primeiro-ministro
disse ainda na entrevista que falará hoje com o ministro das
Infraestruturas e que depois dirá o que entender dizer, não comentando
se já falou ou não com o Presidente da República sobre o assunto.Em
todo este caso, entende António Costa que há outra dimensão, que não
tem a ver com uma atuação individual e específica de ninguém, “mas que
tem a ver com aquilo que tem de ser a atitude do Governo perante a
governação e a atitude exemplar que tem de ter, relativamente à
credibilidade das instituições, e isso obviamente foi aqui afetado”.No
sábado, em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas
afirmou que reportou ao secretário de Estado Adjunto do
primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo do computador pelo
adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria
comunicar ao SIS e à PJ.Nas palavras de
João Galamba, depois de agredir duas pessoas do seu gabinete, Frederico
Pinheiro “levou um computador” que era propriedade do Estado.Aos
jornalistas, o Presidente da República explicou no sábado que “matérias
muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente” e, por isso, não
lhe cabe dizer quando falaria com o primeiro-ministro sobre o caso da
exoneração do adjunto de João Galamba.