Primeiro esboço da «bússola estratégica» da UE bem acolhido pelos 27
16 de nov. de 2021, 18:36
— Lusa/AO Online
Numa
conferência de imprensa no final de um Conselho «Jumbo» (de ministros
dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE), em Bruxelas, durante o
qual apresentou formalmente aos 27 a primeira proposta da «bússola» para
orientar a futura política de Defesa da União, Josep Borrell afirmou
que a mesma “recebeu um amplo apoio dos ministros, que expressaram a sua
prontidão para continuar a trabalhar ativamente na mesma, com vista à
adoção da bússola no Conselho Europeu de março” de 2022.“Entretanto,
daqui até março, vou apresentar pelo menos mais dois novos esboços,
incorporando o resultado do trabalho que vai ter agora início nos
diferentes grupos de trabalho do Conselho, mas, de uma forma geral, devo
dizer que os Estados-membros apoiaram a abordagem”, indicou.Apontando
que fez questão de sublinhar que “este documento não é apenas mais um
documento político, mas sim um guia para agir, com medidas concretas e
um calendário”, Borrell explicou então que a «bússola» compreende quatro
grandes dimensões, ao nível da ação, segurança, investimento e
parcerias.Relativamente à ação, comentou
que “a UE precisa de ser capaz de agir mais rapidamente, de forma mais
robusta e decisiva em respostas a crises”, razão pela qual propõe a
criação de uma capacidade europeia de intervenção rápida constituída por
um número de militares a determinar em função de cada missão, mas que
pode rondar os 5.000 militares.A nível de
segurança, defendeu a criação de uma «caixa de ferramentas híbridas»
para “garantir uma resposta mais ajustada e coordenada” ao novo ambiente
estratégico, no qual, assinalou, é cada vez mais difícil distinguir
entre os conceitos clássicos de “paz” e “guerra”, já que “há agora
muitos cinzentos entre o branco e o negro”, com ameaças com recurso a
táticas híbridas, como é o caso do que está a suceder atualmente na
fronteira da Bielorrússia.A este
propósito, e reafirmando que aquilo que se passa na fronteira da
Bielorrússia com a Polónia “não é uma crise migratória”, comentou que
este é o género de situação para a qual a União estará melhor preparada
quando dispuser de várias ferramentas para enfrentar as ameaças
híbridas.Outra dimensão da «bússola»,
apontou, passa por reforçar os investimentos em Defesa, já que, “para
agir, a UE precisa de capacidades”, e já foram identificadas as grandes
lacunas em termos de capacidades críticas.Por
fim, em matéria de cooperação, defendeu o reforço das parcerias, “a
começar pela NATO”, uma questão que admitiu ter sido suscitada por
vários Estados-membros, mas que, na sua opinião, é pacífica, pois todos
concordam que “a bússola é também uma forma de tornar a Aliança mais
forte”, pois o reforço das capacidades da UE é também um reforço da
própria organização transatlântica.Presente
hoje na discussão entre os ministros da Defesa, o secretário-geral da
NATO, Jens Stoltenberg, partilhou essa ideia, saudando os esforços da
União no sentido de melhorar as suas capacidades, pois os desafios
exigem “uma solidariedade estratégica entre a Europa e a América do
Norte”, ainda que observando que a Aliança Atlântica “continuará a ser a
pedra angular” da Defesa europeia.Portugal
esteve representado na reunião conjunta de segunda-feira à noite, na
qual foi discutido o primeiro esboço formal da «bússola», pelo ministro
da Defesa, João Gomes Cravinho, e pelo secretário de Estado dos Negócios
Estrangeiros, Francisco André, que não prestaram declarações à
imprensa.