Primeiro dia de greve nos Registos e Notariado com adesão de 90%
26 de dez. de 2018, 13:08
— Lusa/AO Online
“O
descontentamento dos trabalhadores é enorme e isso reflete-se na adesão a
esta greve, que até este momento é de 90% do universo total dos
trabalhadores”, disse no Porto aos jornalistas o presidente do Sindicato
dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN), Arménio Maximino.De
acordo com o sindicalista, a paralisação que começou hoje e se prolonga
até sexta-feira deve-se à discordância com “cinco diplomas” da revisão
legislativa do setor proposta pelo Governo e a “reivindicação de
“critérios objetivos e transparentes para todos os trabalhadores”.“Temos
uma legislação que remonta a 1979. O Governo foi incumprindo
sucessivamente leis do Orçamento do Estado e chegamos ao fim da
legislatura com cinco diplomas ainda por negociar”, explicou Arménio
Maximino.De
acordo com o presidente do sindicado, os trabalhadores contestam “as
portarias que vêm regular os concursos”, por considerarem necessária
“uma formação específica para que os novos candidatos a ingressar nas
carreiras o façam com formação adequada”.“O Governo faz uma proposta colada às carreiras gerais”, lamentou. Para
o presidente do STRN, também “os critérios para os concursos são muito
pouco objetivos o que leva até a uma certa opacidade”. “Queremos
critérios objetivos e transparentes para todos os trabalhadores. Acima
de tudo, queremos que os concursos externos não tenham os lugares
previamente definidos”, afirmou.Arménio Maximino destacou ainda a “falta de efetivos”, devido ao “défice de 1.500 trabalhadores”. “Estamos
a falar de mais de 30% do total de trabalhadores. Estes diplomas são
fundamentais para abrir os concursos externos”, justificou. O responsável criticou ainda os critérios para os serviços mínimos decretados durante a paralisação.“É
inexplicável. Há uma tradição secular para assegurar testamentos e
casamentos na iminência de morte de uma das partes. Sempre foi assim. No
entanto, pretendeu-se aumentar os serviços munimos e os meios para os
assegurar”, observou.Para o sindicalista, os serviços mínimos não respeitaram “os critérios proporcionalidade”.Em
comunicado, o STRN esclarece que “a paralisação nacional do setor dos
Registos e do Notariado acontece como forma de pressão para que o
Governo abra concursos, internos e externos, com regras mais
transparentes e objetivas”.“Não
há concursos há mais 16 anos e o setor, segundo números oficiais,
carece de mais de 30% de efetivos. Ou seja, prefigura-se no que se
designa por falência técnica, o que tem contribuído para uma prestação
deficitária aos utentes que recorrem a estes serviços”, acrescenta.De
acordo com o STRN, a greve “por mais funcionários faz-se para que se
tente salvar, em última instância, o funcionamento do próprio setor dos
Registos e Notariado (principal fonte de receita do Ministério da
Justiça)”.