Primeiras imagens de satélite solar europeu mostram explosões nunca vistas
16 de jul. de 2020, 15:04
— Lusa/AO online
O que os cientistas
chamam de “fogueiras” são “parentes pequenos das explosões solares que
podemos observar a partir da Terra, milhões ou milhares de milhões de
vezes menores”, afirmou o investigador David Berghmans, do Observatório
Real da Bélgica.As imagens foram captadas
quando a Solar Orbiter estava a 77 milhões de quilómetros do Sol, a meio
caminho entre a Terra e a estrela. Segundo
a ESA, os cientistas desconhecem para já se as “fogueiras” são como as
explosões grandes, mas em ponto pequeno, ou se têm uma explicação
diferente, mas teorizam que podem estar a contribuir para “um dos
fenómenos mais misteriosos do Sol”.“Estas
fogueiras são totalmente insignificantes, mas, ao somar os seus efeitos
em todo o Sol, podem ser a contribuição dominante para o aquecimento da
coroa solar”, afirmou Frédéric Auchère, do Instituto de Astrofísica
Espacial de França.A coroa solar é a
camada mais externa do Sol, que se projeta milhões de quilómetros para o
espaço a uma temperatura de um milhão de graus centígrados, enquanto à
superfície da estrela a temperatura ronda os 5.500 graus. Os cientistas não sabem exatamente o que faz com que a coroa aqueça tanto.A
Solar Orbiter, que foi lançada a 10 de fevereiro, tem seis telescópios
apontados ao sol e quatro instrumentos que fazem medições em torno da
nave de fenómenos como o vento solar.Quando
acontecem explosões solares, são libertadas partículas de energia que
fazem aumentar o vento solar projetado do sol para o espaço em volta de
si, e que podem provocar tempestades magnéticas que afetam
telecomunicações e redes de energia na Terra.Os
instrumentos permitem também medir o campo magnético na parte de trás
do Sol, o que acontece pela primeira vez na história, porque a Solar
Orbiter está num ângulo diferente do que a Terra.Nos
próximos dois anos, a Solar Orbiter aproximar-se-á até ficar a 42
milhões de quilómetros do Sol, quase um quarto da distância do Sol até à
Terra.O satélite foi construído no Reino
Unido e o projeto tem 19 países europeus coligados, incluindo Portugal,
bem como a agência espacial norte-americana.