Primeira ronda totalizou 226 minutos de compensação à média de 14,1
Mundial2022
25 de nov. de 2022, 18:41
— Lusa/AO Online
De acordo com a
informação exposta no sítio oficial do organismo na Internet, a goleada
(6-2) da Inglaterra ao Irão, liderado pelo português Carlos Queiroz, na
segunda-feira, do Grupo B, bateu o recorde de ‘descontos’ em 22 edições
da prova, ao durar 119 minutos.O árbitro
brasileiro Raphael Claus concedeu 29 minutos, similares a um
prolongamento, dos quais 15 na primeira parte, que foi condicionada pela
assistência médica ao guarda-redes persa Alireza Beiranvand, e 14 na
segunda, quando houve recurso ao videoárbitro (VAR) para confirmar um
penálti para os asiáticos, que o portista Mehdi Taremi marcou.Uma
lesão idêntica de Yasser Al-Shahrani já nos instantes finais também
contribuiu para arrastar durante 111 minutos o sensacional êxito da
Arábia Saudita sobre a Argentina (2-1), no Grupo C, com sete minutos de
‘descontos’ na etapa inaugural e 14 no segundo tempo.Na
véspera do início do Mundial2022, a decorrer no Qatar até 18 de
dezembro, o italiano Pierluigi Collina, ex-árbitro internacional e atual
presidente do Comité de Arbitragem da FIFA, de 62 anos, já tinha
advertido que o “respeito pelos espetadores e telespetadores” levaria o
regulador do futebol mundial a tomar medidas drásticas na duração dos
duelos.“Queremos evitar que o jogo tenha
42, 43 ou 44 minutos de tempo útil. Por isso, o tempo utilizado para
efetuar substituições, marcação de grandes penalidades, festejos de
golos, assistência médica e para recorrer ao VAR deve ser devidamente
compensado”, apelou.Essa nova abordagem
vulgarizou ‘descontos’ inusitados, cujos exemplos mais discretos foram
os encontros Marrocos-Croácia (0-0), Suíça-Camarões (1-0), Brasil-Sérvia
(2-0) e Uruguai-Gana (0-0), todos ocorridos em 100 minutos (10 acima
dos 90 regulamentares).As restantes 12
partidas suplantaram essa fasquia, incluindo o êxito de Portugal sobre o
Gana (3-2), na quinta-feira, do Grupo H, que repercutiu os 14 minutos
de ‘descontos’ do Senegal-Países Baixos (0-2) - três a caminho do
intervalo e 11 na reta final -, com ambos os confrontos a dividirem o
sétimo lugar no ranking de durabilidade na ronda inaugural.“É
preciso pensar da seguinte maneira: se forem marcados três golos
durante uma parte, provavelmente, serão perdidos quatro ou cinco minutos
nos festejos até que o jogo seja retomado”, exemplificou Collina,
defendendo que “esse tempo tem de ser compensado”.Se
os primeiros tempos proporcionaram 81 minutos de ‘descontos’, numa
média de 5,06 por jogo, as metades complementares quase duplicaram a
estatística, com 145, à média de 9,06, distanciando o Mundial2022 do
padrão notado em edições anteriores da prova.Por
norma, os árbitros costumavam acrescentar entre um e dois minutos no
desfecho da etapa inicial, mais três a cinco no ocaso do duelo, numa
‘era’ em que estavam previstas três substituições, ao passo que o
sistema de VAR apareceu há quatro anos, na Rússia.O
Qatar está a albergar a primeira edição do torneio com a possibilidade
de cada equipa efetuar cinco alterações regulamentares em três momentos
diferentes, estando também acautelada uma adicional em caso de
futebolistas com suspeitas de concussão cerebral.Esse
episódio deu-se na segunda-feira com o iraniano Alireza Beiranvand,
antigo guarda-redes do Boavista, que ainda tentou permanecer em campo
depois de ter chocado com o compatriota Majid Hosseini, gerando uma
pausa inicial de oito minutos, dos oito aos 16.A
partida dos persas com a Inglaterra estaria novamente parada alguns
instantes depois, entre os 17 e os 20 minutos, quando o ‘guardião’
solicitou a sua substituição e deixou o relvado de maca, com Carlos
Queiroz a promover a primeira de seis mexidas realizadas.A
inflação substancial do tempo atribuído pelos árbitros para compensar
interrupções no Mundial2022 vai agudizar o desgaste dos futebolistas,
que tiveram apenas uma semana em vez das habituais três para preparar
uma inédita edição do Mundial em plena época, perante uma alta densidade
de jogos das provas de clubes num curto espaço de tempo.A
condição física das 32 seleções, que puderam alargar as convocatórias
de 23 para 26 atletas, pode ser colocada à prova de forma ainda mais
extrema depois da primeira fase, quando as eliminatórias acarretarem a
eventualidade de se disputarem prolongamentos - que autorizam uma
substituição adicional - e até desempates por grandes penalidades.