Primeira mulher líder do Congresso dos EUA há 15 anos, Nancy Pelosi prepara saída
4 de jan. de 2022, 13:45
— Lusa/AO Online
A 04 de janeiro de 2007, Pelosi tornou-se a primeira mulher a ocupar o
lugar de presidente da Câmara de Representantes dos EUA, no segundo
mandato do presidente republicano George W. Bush, mas desde 2003 que ali
permanece como a primeira figura do partido, em maioria democrata
(´speaker´) ou em minoria ('leader').No
final desta legislatura, contudo, Nancy Pelosi deve renunciar ao cargo e
abrir caminho à nova geração de congressistas, que começou a chegar ao
Capitólio nas eleições intercalares de 2018, para lidar com uma possível
derrota dos democratas, que diversas sondagens antecipam para as
eleições de outono deste ano, quando a totalidade dos lugares da Câmara
vai a votos.Pelosi - que fez a promessa de
não se recandidatar ao cargo - deixa para trás uma carreira política
preenchida com vitórias (como a aprovação do programa de saúde
'Obamacare' ou conseguir, por duas vezes, o ‘impeachment’ de Donald
Trump) e derrotas (como a tentativa de colocar um fim rápido à Guerra do
Iraque, de George W. Bush).A congressista
democrata, de 81 anos, chegou ao cargo de líder da Câmara de
Representantes com uma agenda política progressista, próxima da linha do
ex-candidato presidencial Bernie Sanders, mas rapidamente cativou a
confiança da ala mais moderada do partido democrata.Quem
lhe suceder, este ano, terá a ingrata tarefa de continuar a conciliar
essas diferentes fações, numa altura em que começam a radicalizar-se e
tornar o diálogo interno cada vez mais difícil.“Precisamos
de uma liderança que faça a ponte entre as diferentes alas ideológicas
do partido, que esteja comprometida em ouvir todas as perspetivas, mas
também que tenha influência sobre o Senado”, reconhecia, numa recente
entrevista radiofónica, o congressista democrata Ro Khanna.Apesar
de quase todos os democratas reconhecerem o prestígio de Pelosi - que
ficou fortalecido na postura agressiva que assumiu perante o
ex-Presidente republicano Donald Trump – são muitas as vozes que
defendem que está na altura de substituir a “velha guarda”, de
dirigentes octogenários que, para além de Nancy, inclui nomes como James
Clyburn e Steny Hoyer.As sondagens
indicam que os democratas podem perder a cada vez mais frágil maioria na
Câmara de Representantes, em parte porque os eleitores parecem
descontentes com a Casa Branca de Joe Biden, mas também porque alguns
congressistas revelam inegáveis sinais de desgaste, que foi apenas
parcialmente compensado com a chegada de novos rostos em 2018.Até
ao final do seu mandato, Nancy Pelosi terá de ser capaz de manter
alguma unidade numa bancada cada vez mais dividida sobre o tipo de apoio
a manter à Casa Branca e sobre a forma de melhor negociar com os
republicanos.Hakkeem Jeffries - o
congressista de Nova Iorque que está na linha da frente de uma
candidatura a sucessor na liderança democrata da Câmara de
Representantes – é acusado de não ter a “mão firme” que Pelosi sempre
revelou, apesar de ter a vantagem de ter bons contactos junto da bancada
republicana.Mas é o octogenário Steny
Hoyer quem se poderá apresentar como adversário, usando o trunfo de
pertencer ao núcleo duro de Pelosi e a maior capacidade de influenciar a
Casa Branca de Biden, com quem manteve uma relação próxima durante
várias décadas.