Presidente sul-africano entrega à oposição 12 ministérios no Governo de "Unidade Nacional"
1 de jul. de 2024, 11:53
— Lusa/AO Online
Dos
32 ministérios, o Congresso Nacional Africano (ANC), que governa o país
desde o fim do apartheid, mas que perdeu pela primeira vez a maioria
absoluta no parlamento em 30 anos de poder ininterrupto, mantém a parte
de ‘leão’ com vinte postos, incluindo Finanças, Energia, Negócios
Estrangeiros, Polícia e Justiça.O líder do
principal partido da oposição, a Aliança Democrática (DA, na sigla em
inglês), John Steenhuisen, 48 anos, entrou para o Governo como ministro
da Agricultura.O seu partido detém seis pastas, incluindo o Ambiente, Assuntos Internos e Obras Públicas, Educação e Comunicações."O
estabelecimento de um governo de unidade nacional na sua forma atual
não tem precedentes na história da nossa democracia", afirmou Ramaphosa
numa declaração transmitida pela televisão. O chefe de Estado de 71 anos foi empossado na semana passada para um segundo mandato de cinco anos.A
prioridade do novo governo será restaurar o "rápido crescimento
económico" da principal potência industrial africana e "a criação de uma
sociedade mais justa, combatendo a pobreza, a desigualdade e o
desemprego", sublinhou o Presidente sul-africano.Este governo foi composto de forma a que "todos os partidos possam participar de forma significativa no executivo", continuou.A
África do Sul só foi liderada por um governo de coligação uma vez,
durante as circunstâncias excecionais da transição democrática, após o
fim do regime do apartheid, com Nelson Mandela como presidente e
Frederik de Klerk como vice-Presidente.A
atual formação, sem precedentes, governamental é o resultado do recuo
esmagador do ANC nas eleições gerais de 29 de maio, punido nas urnas num
contexto de economia em declínio, desemprego endémico e pobreza
crescente. O partido histórico
sul-africano obteve apenas 40% dos votos no final das eleições, mantendo
somente 159 dos 400 lugares no parlamento, seguida da DA, que obteve 87
lugares, com 21,8% dos votos.O partido do
antigo presidente Jacob Zuma, MK (uMkhonto weSizwe), formado no final
de 2023 para concorrer a estas eleições, conseguiu conquistar 58
lugares, tornando-se a terceira força política do país no primeiro
escrutínio em que participou. Zuma foi
impedido pelo Tribunal Constitucional sul-africano de tomar posse como
deputado, poucas semanas antes das eleições, por ter sido condenado, e o
seu partido recusou-se a negociar com o ANC uma solução governativa.O
mesmo fez o partido populista de extrema-esquerda, dissidente do ANC,
Combatentes da Liberdade Económica (EFF, 39 deputados), liderado por
Julius Malema, que prometeu "esmagar" a aliança governamental "liderada
pelos brancos", em referência à DA - que luta para se livrar da sua
reputação de partido ao serviço da minoria branca.No
total, onze partidos assinaram um acordo para formar um governo de
coligação. Cyril Ramaphosa deverá apresentar as linhas gerais do seu
novo governo na abertura do parlamento, a 18 de julho.